“O Brasil deveria aumentar os esforços para atingir o objetivo de acesso universal à prevenção do HIV, considerando que menos de 7% do total de gastos com a Aids são destinados à prevenção”, diz o relatório Panorama Unaids 2010, publicado anualmente.
O documento, que cita dados referentes ao ano de 2008, informa que o Brasil gastou, naquele ano, US$ 623 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) com seu programa de Aids.
O relatório afirma que, entre 2003 e 2008, um terço dos novos casos de Aids no Brasil foram diagnosticados nos últimos estágios da doença.
“Ampliar os testes de Aids e os serviços de acompanhamento para prevenir diagnósticos tardios deve ser uma prioridade”, diz o documento.
“Com sua reputação em relação ao tratamento e sua abordagem em termos de direitos humanos, o Brasil continua estendendo sua liderança ao redor do mundo”, afirma a Unaids, ressaltando, no entanto, que apenas 50% das mulheres grávidas soropositivas no Brasil têm acessos a serviços para prevenir a transmissão do HIV ao feto.
“O número de maternidades que efetivamente realizam esses serviços de prevenção da transmissão da doença para a criança deveria aumentar, sobretudo em áreas remotas, como a região da Amazônia, no norte e no nordeste do país.”
Soropositivos
A Índia, que assumiu o compromisso de ampliar os esforços de prevenção, diz a Unaids, aloca 67% do orçamento de seu programa nacional de Aids para campanhas preventivas.
Em quatro Estados indianos fortemente afetados pela doença, 80% dos profissionais do sexo já se beneficiam de programas de prevenção.
“Maiores esforços precisam ser feitos agora em relação aos usuários de drogas, homessexuais masculinos e transgêneros”, diz o documento em relação à Índia, que possui 2,4 milhões de soropositivos.
No Brasil, existem 630 mil pessoas contaminadas pela Aids. Os dados da ONU mostram que 33,4 milhões de pessoas viviam com o vírus HIV no mundo até o final de 2008.
No mesmo ano, foram registrados 2,7 milhões de novos casos de infecção e 2 milhões de mortes causadas pela Aids.
China e África
O Panorama Unaids 2010 analisa como as grandes economias emergentes, sobretudo os países do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) podem atuar para interromper o aumento do número de casos. O relatório também focaliza uma atenção especial em relação à África do Sul.
A China possui 740 mil soropositivos, segundo dados de 2009. O desafio no país, diz a ONU, é reverter a expansão da doença, concentrada principalmente em cinco províncias, que representam 53% do total de casos.
“Os testes de HIV são poucos. A cobertura do tratamento antiretroviral e os serviços de prevenção da transmissão da doença da mãe para o filho permanecem insuficientes” na China, afirma o relatório.
O estudo também revela que a epidemia de Aids entre os jovens de 15 a 24 anos foi reduzida de maneira significativa em vários dos 25 países mais atingidos pela doença, situados na África.
Botswana, Costa do Marfim, Etiópia, Quênia, Malaui, Namíbia e Zimbábue conseguiram atingir o objetivo de redução de 25% de incidência do HIV entre os jovens, fixado pela ONU, diz o relatório.
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