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Agronegócios
Terça - 13 de Julho de 2010 às 15:18
Por: Juliana Royo

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O ácaro vermelho é uma praga que causa amarelamento e necrose nas folhas e frutos das culturas em que ataca. Ela já é conhecida em vários países do mundo e chega a causar perdas de até 75% de produtividade, como foi o caso da produção de coco de Trinidad e Tobago. O ácaro foi detectado pela primeira vez no Brasil em julho de 2009, no município de Boa Vista, capital do estado de Roraima, mas se espalhou para outros municípios da região e a preocupação, agora, é que o ácaro vermelho ultrapasse as fronteiras de Roraima e ataque plantações de outros Estados do País.

— O principal problema que ocorreu no nosso Estado é que, a partir do momento em que foi detectada a presença do ácaro nas plantações, o Ministério da Agricultura ordenou que as fronteiras fossem fechadas impedindo toda a saída de plantas ou frutos hospedeiros para outros Estados. Como o nosso Estado é um grande exportador de bananas, principalmente para o Amazonas, o primeiro prejuízo imediato foi o econômico, porque muitos caminhões cheios de frutos de bananas foram barrados. Posteriormente, foi feito um estudo pelos técnicos da defesa sanitário de Roraima, principalmente na área do Sul do Estado, onde há maior concentração de produção de banana, e não foi constatada a presença do ácaro nesta região e a exportação foi retomada. Há sempre um risco porque assim que o ácaro chegar a uma área de produção, a atitude do MAPA será novamente de fechar a fronteira com os outros Estados — alerta Alberto Marsaro, pesquisador da Embrapa Roraima.

Uma grande preocupação dos pesquisadores é que o ácaro vermelho tem um número muito grande de hospedeiros, sendo quatro culturas comerciais. A mais atacada até agora foi o coqueiro, mas algumas plantações de banana já estão sofrendo com a presença da praga exótica. Além disso, a pupunha e o açaí também podem sofrer danos quando o ácaro vermelho chegar à região de produção destas culturas. O problema é que ele se hospeda em diversas outras palmeiras, flores ornamentais tropicais e frutos e há uma grande preocupação dele chegar aos polos de fruticultura do Nordeste. A Agência de Defesa Sanitária Agropecuária de Roraima está fazendo barreiras fitossanitárias principalmente nas rodovias que dão acesso a outros Estados, como o Amazonas. Até agora, sabe-se que a principal fonte de disseminação do ácaro vermelho é o transporte de mudas via deslocamento rodoviário, então estão sendo feitas fiscalizações em veículos para evitar o transporte de mudas contaminadas.

Marsaro explica que há urgência em produtos de controle do ácaro vermelho e que o MAPA liberou o uso de um agrotóxico de combate à praga, em caráter emergencial. No entanto, ele diz que a maior demanda é por um produto de pós-colheita, que possa ser aplicado diretamente nos frutos para viabilizar a exportação e não causar prejuízos econômicos muito grandes. O grande desafio dos pesquisadores é que ainda não existe um remédio pós-colheita contra o ácaro vermelho em nenhum lugar do mundo. Os cientistas brasileiros teriam que criar o produto desde o início e, para isso, é preciso fazer muitos testes e muitos estudos, o que pode levar um longo período de tempo. A preocupação dos pesquisadores é que o ácaro vermelho chegue aos pólos de produção comercial de várias áreas do País antes que o método de controle pós-colheita esteja desenvolvido e aprovado para uso.

— Infelizmente ainda não existe este produto. O que a gente fizer aqui será uma proposta de pesquisa nova, então a gente realmente está preocupado porque a velocidade com que o ácaro está se dispersando é muito rápido. A gente espera que as barreiras fitossanitárias consigam impedir a dispersão dele para ouros Estados do Brasil e que até lá a gente consiga ter algum método de controle pós-colheita. Além disso, já estamos desenvolvendo trabalhos com controle biológico com o objetivo de levantar inimigos naturais, principalmente ácaros predadores nativos do Brasil. Se for necessário, tem-se a proposta de importar inimigos naturais dos locais de origem desta praga para que também auxiliem no controle biológico do ácaro vermelho — explica o pesquisador.






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