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Sábado - 10 de Julho de 2010 às 09:31
Por: Cahê Mota

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Cahê Mota / Reprodução
Bruno (em destaque) entre os funcionários da penitenciária José M. Alckmin
Bruno (em destaque) entre os funcionários da penitenciária José M. Alckmin

Em 2000, quando viu o talento precoce o colocar, com apenas 16 anos, em uma equipe que em sua maioria era formada por jogadores adultos, Bruno não tinha noção da peça que estava sendo pregada pelo destino em sua vida. Revelação da Escolinha de Futebol Palmeiras, o goleiro foi convidado para defender em algumas oportunidades a Associação de Funcionários da Penitenciária José Maria Alckmin, em Ribeirão das Neves, cidade onde nasceu.

Nos dez anos seguintes, Bruno cresceu, se profissionalizou e virou “o melhor goleiro do Brasil” para a torcida do Flamengo. Trocou o papel de promessa pelo de ídolo. Sonhou até mesmo com a seleção brasileira. Defendeu também Atlético-MG e Corinthians, e voltou a Minas Gerais. Voltou a vestir, nesta sexta-feira, o uniforme de uma penitenciária, a Nelson Hungria, em Nova Contagem. Só que dessa vez não como convidado, mas como acusado do desaparecimento da ex-amante, Eliza Samúdio, em um caso que envolve relatos estarrecedores e suspeita de assassinato.

Responsável pela primeira passagem de Bruno pela penitenciária, Edson Alves, o “Fera”, primeiro técnico de Bruno, lamenta a infeliz coincidência e torce para que o pupilo consiga mudar o destino.

- Nesse time tinha também fisioterapeuta, secretário de saúde, agente penitenciário, médico.... Era o time a Associação Esportiva Funcionários da Penitenciária, onde jogavam os filhos e funcionários. Além dos jovens que se destacavam na cidade. Com certeza é uma ironia do destino. Só espero que esse não seja o destino dele.

Ainda envolvido com projetos sociais e escolinhas infantis, Edson Alves se mostrou estarrecido com as notícias envolvendo Bruno.

- Torço para que ele não faça parte dessa história, para que não dê nada para ele. Vendo pela televisão até sofro. Se passar na televisão uma notícia de que o Lula foi preso, mesmo sem ter amizade, eu vou sentir o impacto. Imagine quando se trata de uma pessoa com quem convivi e sei que tem um potencial enorme. É chocante ligar a televisão e ver que o Bruno foi preso acusado de um assassinato.

Ex-técnico pede que goleiro reflita sobre episódio

A surpresa é justificada quando “Fera” recorda o período em que dava aulas para Bruno. Segundo ele, tanto na infância quanto após o sucesso como atleta o goleiro não demonstrou nenhum tipo de comportamento que o fizesse levar a crer no envolvimento no desaparecimento de Eliza Samúdio.

Se houver a condenação, espero que ele coloque a mão na consciência, que reflita sobre isso tudo"
Edson Alves, ex-professor de Bruno

- Enquanto conviveu comigo, nunca me deu problema. Sempre teve o maior respeito comigo, até como pai, mesmo depois do sucesso. E eu nunca fui atrás dele para cobrar nada. Pela pessoa que eu conheci até a adolescência, não esperava mesmo tudo que aconteceu. Só peço a Deus que o ilumine para que não esteja encrencado como dizem as reportagens. Vai ser um alívio. Não só para o Bruno, mas para a classe do jogador de futebol.

Como bom professor, no entanto, Edson Alves torce para que Bruno tire lições de tudo que está passando. Sem abandonar o ex-aluno, “Fera” torce pela recuperação do goleiro, mesmo que seja considerado culpado.

- Se houver a condenação, espero que ele coloque a mão na consciência, que reflita sobre isso tudo, e exponha o resultado aqui fora. Que passe parar as crianças o que aconteceu e diga que não quer ver o problema se repetir. Pode realizar trabalhos sociais.

Bruno foi aluno da escolinha de Edson Alves dos 13 aos 16 anos, quando tentou a sorte nas categorias de base do Democrata de Sete Lagoas.






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