Na luta por vaga no Senado, Taques enfrenta ira de madeireiros
O destino a ser traçado nas urnas para Pedro Taques, candidato a senador pelo PDT e no palanque de um grupo batizado de terceira via, se transformou numa incógnita. Num Estado onde seus eleitores são definidos como conservadores e onde vem explodindo escândalos em todas as esferas de poder e em várias instituições, surge um ex-procurador da República como espécie de candidato-solução e intitulado "paladino da moralidade". E agora, como será que o eleitor vai reagir? Dar a Taques uma votação expressiva para tê-lo como um dos representantes da bancada federal mato-grossense no Senado ou ignorá-lo e optar por outros nomes que se mostram, ao menos por enquanto, mais competitivos eleitoralmente, como o ex-governador Blairo Maggi (PR), o ex-senador Antero de Barros (PSDB) e o deputado federal Carlos Abicalil (PT). Um dos setores que mais rejeitam Taques como candidato é o comércio madeireiro, que se considera vítima de perseguição e massacre do MPE do Judiciário e o ônus disso acabou sobrando para o ex-procurador.
Taques tomou uma decisão corajosa. Pediu exoneração do cargo vitalício de membro do Ministério Público Federal há 15 anos e com salário de R$ 20 mil mensais para poder tentar cargo eletivo. Começou enfrentando uma série de barreiras. Quase teve a candidatura inviabilizada devido a brigas dentro do PDT e também na coligação que reune outros três partidos (PSB, PPS e PV) e que traz Mauro Mendes como postulante à cadeira de governador.
Ele foi motivado a entrar no páreo por um grupo de empresários e "formadores de opinião". Entra na campanha com a bandeira da moralidade para com a coisa pública, elenca uma série de propostas e de mudanças de leis que consideram fundamentais para o país e defende combate implacável à corrupção. Taques ganhou notoriedade quando atuou em Cuiabá por vários anos e, entre 2002 e 2005, fechou o cerco nas investigações contra personalidades políticas e empresariais, como João Arcanjo Ribeiro, que comandava o crime organizado no Estado e hoje está preso. Bateu duro também contra a Mesa Diretora da Assembleia, por causa de supostos atos de improbidade administrativa. Depois passou a trabalhar em São Paulo. Retornou de vez para Cuiabá há três meses para se dedicar ao projeto político.
Considerado um dos "operadores do direito", Taques pode agradar uns setores, mas enfrenta protesto de outros. Sua maior rejeição pode vir do Nortão, região onde a predominância econômica está no comércio madeireiro, que mais sofreu com as ações do Ministério Público e com as operações da Polícia Federal. Para contrapor isso, o pedetista escolheceu para a primeira-suplência de sua chapa o empresário de Sinop, Paulo Fiúza (PV).
Diversas madeireiras e empresas voltadas ao setor foram fechadas. Ocorreram prisões e apreensões por causa de denúncias sobre crimes ambientais. Muitos culpam Taques por isso e agora fazem campanha contra, na torcida por sua derrota nas urnas. Por enquanto, o ex-procurador não "decolou" nas pesquisas de intenção de voto. Amarga a condição de lanterna, enquanto Maggi aparece disparado como favorito a se eleger na primeira vaga. Antero e Abicalil surgem polarizados na briga pela segunda cadeira.
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