Tucanato recua dos ataques a Maggi e diz combater poderio econômico
Guiada por pesquisas qualitativas que apontam que Blairo Maggi (PR) continua com boa popularidade, após comandar o Estado por sete anos e três meses, os tucanos Wilson Santos e Antero de Barros, candidatos a governador e a senador, respectivamente, decidiram que a estratégia de bater no ex-governador para atingir o sucessor Silval Barbosa não está "colando". No confronto com o Palácio Paiaguás, que tenta reeleger o peemedebista, a jogada agora da oposição é se colocar como vítima, difundindo o velho slogan do "tostão contra o milhão". No caso de Antero, que faz uma campanha paralela, inclusive com maior estrutura que a de Wilson, a "jogada" e não bater em Maggi para atrair o segundo voto ao Senado daqueles simpáticos ao nome do ex-governador.
Wilson deixou a máquina do Palácio Alencastro, após cinco anos e três meses como prefeito da Capital, para concorrer a governador. Enquanto isso, Silval, que era vice, assumiu o posto de chefe do Executivo estadual e tem a seu favor o poderio de uma máquina com quase R$ 8 bilhões de orçamento e aproximadamente 90 mil servidores públicos. Tem ainda no palanque Maggi, que deixou a administração com boa aprovação popular, e aliados de outras legendas que ajudam a reforçar eleitoralmente a coligação, como o PT do presidente Lula e o PP dos caciques Pedro Henry e José Riva, que controlam a maioria dos prefeitos e vereadores e até mesmo os deputados, cabos eleitorais importantes nas eleições gerais.
As pesquisas mostram uma eleição polarizada entre Wilson e Silval, enquanto Mauro Mendes (PSB) corre por fora. A tendência é de haver segundo turno, algo que seria inédito em Mato Grosso. Para qualquer questionamento, os candidatos encontram respostas que julgam convenientes a eles próprios. Wilson, por exemplo, passou a culpar a cobertura da imprensa pelo alto índice de desgaste em Cuiabá. Argumenta que "fez bom governo e que as ações positivas foram ignoradas pelos veículos de comunicação", daí a dificuldade de melhor o desempenho eleitoral no município onde foi prefeito. Sondagens internas revelam que em Cuiabá o tucano perde nas intenções de voto para Mendes.
Mesmo com os escândalos da compra de maquinário com indícios de superfaturamento e de crimes ambientais envolvendo servidores e assessores do Paiaguás no final da gestão Maggi e que explodiram também sobre a cabeça do governador Silval, a coligação pró-Wilson entendeu que precisa levantar outras questões pontuais para contrapor os candidatos majoritários da situação porque os dois temas foram explorados exaustivamente e, mesmo assim, não provocaram o impacto negativo esperado. Como passaram quase oito anos calados, inclusive sem reação dos deputados, principais responsáveis por fiscalizar os atos do Executivo, os opositores contribuíram também para deixar Maggi virar "quase unanimidade".
Agora, a três meses das eleições, perceberam que o tiro pode sair pela culatra se bater no ex-governador. Primeiro, porque eventual desgaste não deve respingar em Silval. Segundo, Antero está de olho no segundo voto para senador dos eleitores do seu principal concorrente Blairo Maggi, que aparece na liderança disparada por uma das duas vagas em disputa para o Congresso Nacional. Não é à-toa que a campanha começa "morna" e sem ataques, por enquanto.
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