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Saúde
Quarta - 07 de Julho de 2010 às 17:54

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Seu casamento está precisando de terapia? Se você é como a maioria das pessoas, a resposta correta seria sim, mas provavelmente a sua resposta é não.

Na maioria dos casamentos, um ou ambos não aceitam a ideia de fazer terapia. Alguns casais não podem pagar, outros acham inconveniente. E muitos veem a terapia como o último recurso algo que só casais desesperados precisariam. Apenas 19% dos casais atuais já participaram de sessões de terapia de casal; um estudo recente envolvendo casais divorciados descobriu que aproximadamente dois terços nunca buscaram o tratamento antes de decidir por um fim no relacionamento.

"Parece que resistimos mais em procurar ajuda para nossa relação do que para depressão ou ansiedade", afirmou o Brian D. Doss, professor assistente de psicologia da Universidade de Miami. "Há uma forte falta de incentivo para pensarmos sobre nossa relação como sendo um problema é praticamente reconhecer um fracasso ao admitirmos que algo não anda bem".

É claro que terapia de casal nem sempre funciona talvez porque o ponto tratado seja tão antigo que não tenha mais volta. Um estudo recente envolvendo dois tipos de terapia descobriu que apenas aproximadamente metade dos casais relatou melhoras duradouras no casamento.

A partir disso, pesquisadores começaram a procurar caminhos (alguns on-line) para atingir os casais antes que o casamento saia do trilho.

Um estudo financiado pelo governo federal está acompanhando 217 casais que estão participando de um "check-up conjugal" anual que oferece basicamente cuidados preventivos, como se fosse um exame físico ou dentário anual.

"Você não espera para ir ao dentista apenas quando tem algum dente doendo você faz check-ups regularmente", disse James V. Cordova, professor associado de psicologia da Universidade Clark em Worcester, Massachussets, nos EUA, que escreveu "The Marriage Checkup" (Jason Aronson, 2009). "Este é o modelo que estamos testando. Se as pessoas viessem fazer um check-up anualmente, seriam beneficiadas da mesma forma como quando fazem um check-up físico?"

Embora Cordova e colaboradores ainda estejam tabulando os dados, os achados preliminares mostram que casais que participam do programa apresentam melhorias no casamento.

Trabalhando com casais antes de se tornarem infelizes no relacionamento, o check-up identifica comportamentos potencialmente "corrosivos", ajudando-os a fazer pequenas mudanças no estilo de comunicação antes que seus problemas saiam do controle (problemas típicos incluem falta de tempo para o sexo e culpar o outro pelo estresse de educar os filhos).

"Casais não chegam à terapia com apenas um problema", apontou Cordova. "Então eles acabam se desgastando com coisas que são simples de serem resolvidas, é que eles apenas não conseguem enxergar isso".

Não surpreendentemente, alguns terapeutas estão criando programas de autoajuda para captar casais antes que os problemas estejam estabelecidos. Doss e Andrew Christensen, professor de psicologia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos EUA, estão recrutando casais através do site www.OurRelationship.com para estudar tal programa.

O estudo on-line, financiado por cinco anos com o equivalente a R$ 2.150.000 do Instituto Nacional de Saúde da Criança e Desenvolvimento Humano, fornecerá terapia online para 500 casais. É baseado numa "terapia de aceitação", que foca no melhor entendimento dos erros do parceiro uma técnica descrita no livro "Diferenças Reconciliáveis" (Guilford Press, 2002), escrito por Andrew Christensen e Neil S. Jacobson.

O método, formalmente nomeado terapia comportamental integrativa, foi assunto de um dos maiores e mais longos testes clínicos de terapia de casais. Por mais de um ano, 134 casais altamente angustiados em Los Angeles e Seattle, nos EUA, receberam 26 sessões de terapia, com sessões de acompanhamento a cada seis meses nos cinco anos seguintes.

Metade dos casais recebeu terapia tradicional que focou na melhor comunicação e resolução de problemas, enquanto os outros fizeram parte de um programa similar, que incluiu terapia de aceitação. Cinco anos após o tratamento, quase metade dos casamentos dos dois grupos melhorou significantemente, segundo o estudo, que foi publicado na edição de abril do periódico "The Journal of Consulting and Clinical Psychology". Christensen afirma que um terço dos participantes podia ser classificado como "casais normais e felizes", uma melhora significante levando em conta o quão angustiados estavam no início (os casais que se submeteram à terapia de aceitação mostraram melhores resultados após dois anos, mas ambos os tipos de terapia mostraram resultados iguais no final do estudo).

A esperança é que uma versão on-line do programa possa captar casais mais cedo e também oferecer sessões de apoio para melhorar os resultados. Mesmo assim, Christensen menciona que a desvantagem de uma terapia on-line é que ela não fornecerá aos casais uma terceira pessoa para julgar os seus problemas.

"Ninguém acha que isso vai substituir a terapia individual ou de casais", afirmou. "Há geralmente uma sensação de que a intervenção possa ser menos poderosa, no entanto, se ela for menos poderosa, porém mais fácil de ser aplicada para um número maior de pessoas, então ela continua sendo um tratamento muito útil."

Pesquisadores da Universidade Brigham Young oferecem uma ampla avaliação conjugal on-line, chamada Relate, tanto para terapia individual quanto para casais. O questionário detalhado, no site www.relate-institute.org, leva 35 minutos para ser respondido e gera um longo relatório composto por gráficos com códigos coloridos que mostra a comunicação do casal e o estilo do conflito, o quanto de esforço cada um coloca no relacionamento, entre outras coisas. O custo da avaliação varia em torno de R$ 36 a R$ 72.

Pesquisadores australianos estão usando a mesma avaliação, juntamente com um programa de educação por DVD e telefone, chamado Couple Care, e pode ser encontrado no site www.couplecare.info, para alcançar famílias de áreas isoladas que não têm acesso à terapia tradicional. Os pesquisadores de Utah, nos EUA, e Austrália começaram um teste controlado randomizado com aproximadamente 300 casais para determinar a eficácia da abordagem.

Dados preliminares mostram que casais relataram melhoras, mas Kim Halford, professor de psicologia clínica da Universidade de Queensland, St. Lucia, na Austrália, disse que serão necessários mais estudos de efeitos em longo prazo.

Halford ressalta que, visto que mais casais se conhecem através de serviços de encontro online, o apelo de terapia de casais online pode aumentar. "Se a tecnologia da informação foi fundamental para alguém iniciar uma relação", disse ele "então, se a terapia for necessária, não é surpreendente que ela procure uma tecnologia online". 






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