Carne ficou 0,55% mais barata em junho, enquanto a bebida reduziu preço em 1,44% no IPCA
Churrasco e cerveja ficam mais baratos no mês da Copa
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cerveja teve queda de -1,44% nos preços no mês passado, depois de subir 0,69% em maio. No semestre, a bebida tem variação negativa (-0,66%). A carne, estrela dos almoços de fim de semana em dia de jogo, ficou 0,55% mais barata. Apesar da queda no mês, a carne acumula aumento de 2,83% no ano.
Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE, explica que esses dois produtos são exemplos do que a Copa faz com o comércio em geral. Junho foi um “mês atípico”, com lojas funcionando em um ritmo mais lento e o consumidor com o foco mais voltado “para outros produtos como camisa de futebol e itens patrióticos”.
- O que se vê em junho é uma redução grande do consumo, que levou os preços para baixo.
Ela diz que, no caso da cerveja, as fabricantes esperavam um consumo muito grande e fizeram grandes estoques.
A carne sofre um efeito parecido. Mas aqui também conta o fato de as exportações de carne bovina brasileira para os EUA terem ficado suspensas durante o mês passado. Isso fez com que a carne que seria exportada acabasse sendo vendida no mercado interno.
Aumento “zero” nos preços
Os alimentos, como um todo, ficaram mais baratos em junho e frearam a inflação oficial no mês passado, deixando o IPCA com variação zero. Em maio, houve alta de 0,43%, que já havia sido menor que a de abril (0,57%) e apontava tendência de queda nos preços.
Jean Barbosa, economista da Tendências Consultoria, diz que os preços dos produtos, principalmente dos alimentos, passou por um período de “correção” no mês passado, depois de subirem sem parar no começo do ano. A desaceleração surpreendeu até os analistas, que esperavam uma inflação de 0,05%.
- Tivemos muita oferta e procura, principalmente no primeiro trimestre. Isso elevou a inflação e fez com que a renda do trabalhador perdesse o poder de compra [isto é, passou a consumir menor quantidade de coisas com o mesmo salário].
Ele afirma que muito dessa “correção” tem a ver com a retirada de estímulos fiscais (os impostos menores sobre veículos e eletrodomésticos) e com o fim da Copa. Para este ano, não deve haver novas quedas, mas o indicador deve ficar perto da meta do governo (de 4,5% no IPCA).
Até junho, o indicador acumula 3,09%, acima do verificado no mesmo período do ano passado. Desde julho de 2009 (últimos 12 meses), esse valor é de 4,84%.
- O dado de junho foi muito favorável e devemos ter um recuo na inflação também em julho. Mas, dificilmente, a inflação fechará no centro da meta em 2010. Isso porque tivemos uma atividade de produção que assustou no começo do ano, o que causou inflações elevadas. Agora estamos vendo uma redução do ritmo e acaba deixando a inflação mais confortável, o que deve refletir nos preços até 2011.
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