Brasil retomará vendas de carne aos EUA na semana que vem
As exportações de carne brasileira para os EUA estão interrompidas desde o final de maio, quando o Ministério da Agricultura do Brasil decidiu suspender, temporariamente, a certificação desses produtos após autoridades norte-americanas terem detectado níveis acima dos tolerados do vermífugo Ivermectina em lotes de carne vindos do país.
Desde então, técnicos do Brasil e dos EUA discutem uma padronização para o comércio, já que os norte-americanos alteraram o padrão dos testes do vermífugo, adotando normas diferentes das estabelecidas pelo Codex Alimentarius, técnica internacional adotada pelos brasileiros.
"Já a partir dessa semana ou da próxima haverá a reabilitação dos frigoríficos, porque foi uma autosuspensão do Brasil", afirmou Cançado a jornalistas, ressalvando que a medida não incluirá o JBS, onde o problema foi registrado no início.
A autorização para o JBS voltar a exportar dependerá do governo dos Estados Unidos, disse Cançado.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, confirmou a informação a jornalistas sobre o retorno das vendas brasileiras, após reunião de representantes dos exportadores em São Paulo.
"Tudo o que foi pedido pelos EUA está sendo feito, nós estamos levando a relação das empresas que queremos liberações, o único problema é o CIF 337, isso vai depender dos EUA", disse Jardim, referindo-se a uma unidade do JBS que produziu a carne na qual o vermífugo foi detectado acima dos níveis tolerados.
Uma fonte do setor que pediu para não ser identificada disse que apenas a unidade CIF 337, do JBS, foi "delistada" pelos EUA, e as outras plantas do mesmo frigoríficos serão liberadas, caso outras empresas venham a ser habilitadas novamente a exportar aos EUA.
Mensalmente, o Brasil exportava para os EUA, antes da suspensão, cerca de US$ 50 milhões em carne industrializada (corned-beef e jerked beef), segundo a Abiec. Em 2009, as vendas desse tipo de produto ao mercado norte-americano geraram receita de US$ 223 milhões.
Do total que o Brasil embarcava aos EUA, o JBS exportava cerca de 70%.
Os outros exportadores são o Marfrig, Minerva e um outro frigorífico menor, sem ações negociadas na Bovespa, que eventualmente poderão ocupar o espaço do JBS.
Em nota divulgada ao final de maio, o JBS informou que o impacto financeiro com o impasse "tende a ser imaterial, tendo em vista que menos de 0,5% da receita consolidada da companhia advém de exportações" para os EUA.
Ainda não há acordo sanitário entre os dois países para o comércio de carne in natura, geralmente o segmento mais lucrativo do setor. Apenas carne bovina termoprocessada do Brasil pode ser vendida aos EUA.
PLANO DE AÇÃO
Enquanto isso, o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério, Nelmon Oliveira da Costa, viajará aos EUA na quarta-feira para discutir as novas normas sanitárias para o comércio de carne industrializada e apresentar um plano de ação sobre o assunto definido pelo governo brasileiro.
"O Nelmon vai discutir a validação da técnica (para a identificação do vermífugo)", declarou Jardim, do ministério, explicando que os EUA passaram a realizar testes no músculo e não mais no fígado do animal, como era feito anteriormente.
"A partir do momento que eles exigem, temos que controlar", acrescentou Jardim, cobrando que o setor privado seja pró-ativo nessas questões.
De qualquer forma, o secretário afirmou que exportações realizadas com base na técnica antiga não são um perigo para saúde pública, pois seguem padrões internacionais. "Não houve excesso, porque o Codex não prevê o teste em músculo."
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina.
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