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Brasil Eleições 2012
Segunda - 05 de Julho de 2010 às 04:05
Por: Marina Novaes

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Dilma Rousseff e Marina Silva: mulheres ganham espaço na política
Dilma Rousseff e Marina Silva: mulheres ganham espaço na política

Pela primeira vez no país, duas mulheres aparecem entre as três primeiras colocações na disputa pela Presidência,  com chances reais de vencer a eleição. Pesquisa feita pelo Ibope e divulgada neste sábado mostrou Dilma Rousseff (PT) empatada em primeiro lugar com José Serra (PSDB), ambos com 39% das intenções de voto, e Marina Silva (PV) na terceira colocação, com 10%. Mas as eleitoras, até agora, parecem preferir o candidato tucano. Serra lidera entre as mulheres, batendo Dilma por 46% a 39%.

 

Para especialistas ouvidos pelo R7, o avanço das candidatas marca um novo momento das mulheres na política, embora não mude o cenário predominantemente masculino. Até hoje, o mais longe que uma mulher chegou na briga pela sucessão presidencial foi em 2006, quando a ex-senadora alagoana Heloísa Helena (PSOL) obteve cerca de 7% dos votos.

Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), o avanço das candidaturas femininas em 2010 reflete uma mudança na sociedade brasileira, que começa a abrir espaço para a participação das mulheres em cargos de chefia. Entretanto, ela lembra que o crescimento de Dilma na disputa ocorre principalmente em decorrência da participação de um homem em sua campanha: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- O que pode explicar uma possível vitória da Dilma são vários fatores, que estão mais relacionados à boa avaliação ao governo Lula que à questão do gênero. [...] Além disso, não só no Brasil, as mulheres começam a buscar maior participação política, percebendo que devem participar em pé de igualdade com os homens.

Essa mudança, porém, acontece ainda muito lentamente, na opinião de Mary Ferreira, pesquisadora sobre o movimento feminista da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), que atribui parte da responsabilidade à falta de incentivo dos partidos em lançar mais mulheres na política. Para se ter uma ideia, dos 513 deputados que compõe a Câmara Federal, apenas 45 são mulheres.

 

Para a pesquisadora, o fato de as siglas serem obrigadas a lançar 30% de candidatas nas eleições praticamente não causou impactos no quadro eleitoral.

- A lei das cotas não conseguiu fazer com que os partidos incentivassem as mulheres. [...] Mas essa eleição marca um diferencial, com duas mulheres que, embora tenham perfis diferentes, são fortes e que não entraram pelas mãos de pais ou maridos.

Ironicamente, tanto Dilma quanto Marina têm mais simpatia do público masculino. Segundo o Ibope, apenas o candidato José Serra receberia mais votos de mulheres que de homens.

Para Maria do Socorro, embora ainda não seja possível traçar o perfil do eleitorado feminino, as mulheres costumam ser mais conservadoras ao votar, daí a preferência por um homem para presidente.

- O eleitorado feminino é mais conservador, no sentido de pensar que para o Brasil é melhor ter um quadro de mais experiência administrativa [...], que é o perfil do Serra.

Segundo a cientista política, esse quadro pode mudar durante a campanha, já que tanto a petista quanto a verde só passaram a dedicar mais atenção ao público feminino a partir do lançamento da candidatura.

Desafios

Para as especialistas, o maior desafio que as candidatas têm pela frente não é vencer a eleição, mas comprovar que podem fazer um bom governo, se eleitas. Isso porque, como o Brasil nunca elegeu uma mulher, quem alcançar esse cargo deve se preparar para quatro anos sob os holofotes, como avalia Mary.

- Elas vão ter que provar permanentemente competência, coisa que os outros candidatos homens não vão precisar fazer. [...] As mulheres quando estão na política vivem como se estivessem em uma vitrine 24 horas por dia.

A especialista Maria do Socorro concorda com a colega, e lembra a responsabilidade que a mulher que conquistar essa posição – seja em 2010 ou no futuro – deverá ter.

- Seria um avanço muito grande se uma mulher chegasse à Presidência. Isso vai quebrar e muito o preconceito em relação às mulheres, tanto pelas próprias mulheres, quanto pelos homens que ainda conservam esses valores muito antiquados. Esse será o maior desafio mesmo.





Fonte: do R7

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