Genro de Célia Cury nega esquema e contradiz PF
O advogado Rodrigo Vieira Komachena negou qualquer participação no esquema de venda de sentença em Mato Grosso investigado no inquérito da Operação Asafe. Ele é genro de Célia Cury, apontada como a principal intermediadora nas negociações de decisões judiciais, e aparece num esquema que envolve o desembargador José Luis de Carvalho.
O depoimento de Komachena também contradiz com as provas levantadas pela Polícia Federal ao longo das investigações, que iniciaram em 2006. O advogado também parece não saber explicar a maior parte das conversas interceptadas entre intermediadores e sua sogra.
Komachen atuou como advogado de defesa de Modesto Machado Filho, o Modestinho, em parceria com Célia Cury, e tentam conseguir um habeas corpus para conseguir ao cliente o benefício da prisão domiciliar, expedindo-se o contramandado. De acordo com o inquérito, as negociações foram acompanhadas por diligências e vigilância velada, além de interceptações.
Apesar das conversas do acusado com os supostos interlocutores Avelino Tavares Junior e Rafael Henrique Tavares Tambelini, Komachena conhecer ambos. Ele admite apenas que Carvalho Silva, também citado no inquérito, fora o responsável por lhe indicar o cliente e receberia uma comissão de R$ 8 mil.
Rodrigo informou também que o habeas corpus foi dividido com Célia Cury, sendo assim, ambos receberam R$ 20 mil cada. Em conversa interceptada pela PF com a sogra, ele informou que havia cobrado R$ 50 mil, sendo que seriam R$ 10 mil inicial e outros R$ 40 mil após a decisão.
Em depoimento, Komachena informou também que Modestinho não honrou uma dívida de honorário no valor de R$ 25 mil e por isso estaria movendo uma ação de execução contra mãe do cliente, pois ela era a emitente do cheque. O processo transcorre na Comarca de Alto Araguaia.
Sobre o fato do empresário Claudio Manoel Camargo Junior, concunhado de Rodrigo, conversado com Avelino a respeito de uma dívida supostamente deixada por Modestinho, decorrente do habeas corpus, o advogado simplesmente diz não saber dos fatos.
Quanto os motivos pelos quais Komachena, Célia Cury e até mesmo Cláudio terem feito intensa movimentação para ingressar com habeas corpus no plantão do desembargador José Luis de Carvalho, o acusado disse desconhecer os motivos e não se lembra se foi dada entrada no pedido no domingo, 9/8/2010.
Segundo Komachena, ele minutou o HC, assinou-o e viajou para Diamantino e não se lembra se deixou a minuta com a cunhada ou esposa para que um deles protocolasse o pedido no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Também não soube justificar o que Thalita Cury, cunhada e esposa de Cláudio Manoel, quis dizer em ligação telefônica para ele com “aquele negócio vai dar certo”.
Rodrigo Komachena informou também que não é sócio de Celia Cury, pois apenas aluga uma sala no escritório da sogra. Ele informou ainda que já dividiu ações com Cury e não vê problemas com isso. Ele também negou qualquer envolvimento com os desembargadores citados no inquérito.
Ao negar participação no esquema de venda de sentença, o advogado admitiu que por razão de estratégia, o declarante já preferiu ajuizar determinadas ações perante determinados juízes, posto que com isso teria maior probabilidade de sucesso, tendo em vista o entendimento de cada magistrado.
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