Secretário de Informática do Tribunal Regional Eleitoral afirma que pleito não sofrerá entraves relacionados com as mudanças recentes no comando do órgão
Eleições em Mato Grosso não dependem de grupos
A três meses de mais uma etapa eleitoral, ao qual todo eleitor é submetido a cada dois anos, mas com grau de dificuldade ainda maior em 2010 por se tratar de uma eleição nacional e regional em que o eleitor terá que votar seis vezes, o secretário de Informática do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso, Ailton Lopes de Souza Júnior, aponta as inovações que a Justiça está preparando para este ano e às disputas futuras como a urna biométrica, onde todas as 10 digitais dos eleitores e todos os seus dados pessoais farão parte das informações contidas nas urnas de votação e que serão aplicadas em 2012. Ailton garante que o processo não sofrerá atropelos ou atrasos por causa da recente troca no comando no Poder.
Ele pondera que o atual presidente, desembargador Rui Ramos, que era o vice-presidente e corregedor-eleitoral, participa ativamente de toda preparação e execução das eleições, além de cobrar dos seus auxiliares o máximo de transparência, celeridade e principalmente respostas para a sociedade.
Funcionário de carreira da Justiça Eleitoral, Ailton Lopes, faz um breve retrospecto dos avanços conquistados nos últimos 14 anos que representaram um passo gigantesco para a modernidade, o que faz do órgão na atualidade uma das mais confiáveis no Brasil, pois a urna eletrônica colocou por terra muitas ações de políticos que a qualquer custo tentam mudar o resultado e a vontade das urnas expressadas nos votos dos eleitores.
As escolhas este ano serão para deputado estadual, federal, duas para senador, governador e para presidente da República.
A Gazeta - Depois de um processo de mudança na gestão do Tribunal Regional Eleitoral a pouco mais de 100 dias das eleições, quais são os riscos para o processo eleitoral?
Ailton Lopes Júnior - Praticamente nenhum. As eleições não dependem de grupos ou deste ou daquele gestor, mas sim da própria dinâmica que é acompanhada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Fora isso, o atual presidente, desembargador Rui Ramos era vice e corregedor-eleitoral, portanto ele e nós que fazemos parte de sua equipe estamos familiarizados e tomando as decisões para uma eleição tranquila, transparente e sem atropelos.
Gazeta - Prazos e resultados vão sair no que foi previamente estabelecido pelas resoluções do TSE?
Ailton - Sem atropelo e com a máxima transparência. O único pedido do presidente desde que assumiu é que haja rigor na lei e transparência absoluta para que não paire qualquer tipo de dúvida quanto a conduta da instituição, a Justiça Eleitoral. Por causa de alguns atrasos, evitamos falar em prazo para concluir as eleições, mas não faltará empenho, dedicação e cobrança para que no mesmo dia do pleito os resultados sejam divulgados o quanto antes.
Gazeta - O TRE de Mato Grosso sempre esteve na vanguarda de decisões modernas e avançadas, inclusive foi daqui o primeiro protótipo da urna eletrônica. O que mais poderemos ver nestas eleições?
Ailton - Vamos avançar e repetir aquelas experiências que deram certo no passado, como a utilização de telefones por satélite em locais ermo e sem comunicação como internet, no caso de aldeias, distritos, comunidades em plena Amazônia ou no Pantanal, além do Vale do Araguaia. Se na passada utilizamos 70 aparelhos celular por satélite neste estamos planejando entre 90 e até mesmo mais de 100 unidades, pois nossa missão é fazer com clareza, com celeridade e sem comprometer de forma alguma a honestidade do pleito.
Gazeta - Mas só o celular por satélite é suficiente?
Ailton - Óbvio que não. Além do celular, os técnicos terão notebooks (computadores pessoais) que interligados ao Centro de Apuração que será instalado no Centro de Eventos do Pantanal em Cuiabá, serão recebidas todas as informações, ou votos dos eleitores dos mais distantes ou mais próximos dos grandes centros. Não ficará nenhum local onde existir eleitores sem ser coberto pela ação e o trabalho da Justiça Eleitoral.
Gazeta - Não é está a única inovação. E quanto as urnas biométricas? O que são elas?
Ailton - São urnas mais avançadas que as primeiras, pois em 10 anos o Tribunal Superior Eleitoral quer se utilizar da biometria, que nada mais é do que a digital dos eleitores para identificá-lo e evitar fraudes, pessoas votando no lugar de outras, até porque quando a biometria funcionar, em Mato Grosso a partir de 2012, teremos os eleitores cadastrados em todos os dedos da mão, ou seja, 10 dedos e mais a foto, então o cerco àqueles que tentam burlar a lei será cada vez mais rigoroso.
Gazeta - Sobre a segurança do pleito em si, na questão do eleitor, quais os avanços?
Ailton - Recebemos neste ano 3.250 urnas modelo 2009, onde o micro terminal do presidente da urna vai sair a foto do eleitor, gerando confiança e tranquilidade para todos os envolvidos no processo eleitoral. A coleta dos dados biométricos como eu falei serão em todos dedos das mãos para evitar falhas. Encerrando as eleições deste ano, em 2012 teremos para alguns municípios a total garantia da biometria.
Gazeta - Parece que o disquete onde eram registrados os dados dos candidatos também foi alterado?
Ailton - Sim. Os disquetes foram substituídos por pendrivers, só que ele tem um invólucro maior para justamente os fiscais terem a facilidade de fiscalizar seu manuseio. A idéia é dar o máximo de confiança ao processo eleitoral.
Gazeta - O que mudou em relação as eleições nos últimos 20 anos?
Ailton - O sistema é quase perfeito porque sempre estamos em busca de aperfeiçoamento e avançando cada vez mais. No passado era um tal de impugnação de urnas, de votos que alteravam os resultados eleitorais e não davam vazão à vontade popular. Estamos evoluindo. Votamos desde Collor para cá, quando as eleições foram retomadas e a cada processo a Justiça Eleitoral tem dado demonstrações de confiabilidade e honestidade ao ponto da população não aceitar e denunciar a compra de votos, aqueles políticos que tentam a qualquer custo vencer a disputa.
Gazeta - Quais serão os passos futuros?
Ailton - A urna biométrica vai chegar com chips com dados completos dos eleitores e será completada com as digitais e a fotografia do eleitor. O título do eleitor poderá muito em breve ser um documento único que reúna num banco de dados todas as informações do cidadão, o que facilitará sobremaneira as autoridades não apenas na questão eleitoral, mas de segurança pública, de regularidade em suas obrigações além de um infinidade de outros avanços que cotidianamente, a cada eleição serão implantadas e começaram a atender as demandas de outras Justiças e até mesmo dos governos, pois com um documento único, o titulo de eleitor o controle será maior mais amplo e em todo o Brasil.
Gazeta - As evoluções tecnológicas dificultam, mas sempre existem erros ou fraudes e mesmo que elas não existam, sempre existirá quem reclamará pelo resultado das eleições. Como evitar que se chegue nesta situação?
Ailton - A situação gerada dentro de uma disputa eleitoral leva as pessoas a promoverem desconfianças e acusações que em sua quase totalidade não tem fundamento, tanto é que cresceram os crimes praticados pelos políticos junto aos eleitores, ou seja, o famoso abuso de poder econômico quando o candidato compra o voto ou abuso de poder político, quando ele se utiliza da estrutura pública para se beneficiar do resultado. Em que pese estes dois crimes serem absurdos, eles representam um avanço em relação as eleições de 20, 30 ou 40 anos atrás, onde se ouvia dizer de costureiros que mesmo no escuro abriam as urnas de pano e depois costuravam as mesmas com os votos trocados.
Gazeta - Da urna de lona até a urna eletrônica os avanços foram muitos?
Ailton - Avançamos tanto que o reconhecimento é mundial. Demos um passo gigantesco de um século em 14 anos e é preciso fazer justiça de que Mato Grosso foi um dos precursores na criação da urna eletrônica através do ex-secretário de informática Luiz Roberto da Fonseca. Eu vivi todo este processo como funcionário de carreira, então sei bem e a própria sociedade sabe e reconhece que avançamos e que tornamos a Justiça Eleitoral um modelo de confiabilidade e de respeito para com a vontade do povo.
Comentários