Sempre em pequeníssimas doses, o produto está ganhando terreno na correção do ângulo da mandíbula, na região malar (logo abaixo dos olhos) e nas laterais do rosto, como moldura. Também pode ser usado para corrigir o dorso do nariz
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Procedimento estético em clínica de dermatologia |
Segundo especialistas, a ideia é explorar o uso do ácido em três dimensões, incluindo o volume. A nova aplicação foi alvo de estudos apresentados no último congresso da sociedade americana de dermatologia.
"A pele pode estar esticada e sem rugas e, mesmo assim, estar envelhecida. É como uma bexiga que estava cheia e murchou", diz a dermatologista Fabiana Pietro, responsável pelo ambulatório de peelings da Sociedade Brasileira de Medicina Estética.
"O ácido pode ser usado no remodelamento do rosto, suavizando contornos de forma natural", explica Flávia Addor,vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (regional SP).
O ácido hialurônico é uma substância presente naturalmente nos tecidos conjuntivos do organismo, como pele, tendões, olhos e líquido sinovial (que banha as articulações), preenchendo espaços entre as células. Ali é responsável pela sustentação e manutenção.
Com o tempo, há uma redução gradual da quantidade. "O melhor exemplo de um local cheio de ácido são as bochechas das crianças", exemplifica a dermatologista Carla Bortoloto, do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele.
Mas o uso em volumes maiores, como substituto de implantes de silicone nas mamas, por exemplo, ainda não é consenso. "O uso consagrado é um ou dois mililitros. Isso [nas mamas] significaria usá-lo numa concentração cerca de 300 vezes maior, e não se conhecem os efeitos a longo prazo", alerta o cirurgião plástico Alexandre Munhoz, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Novas pesquisas também prometem resolver outro problema do ácido: o efeito provisório. Por ser totalmente compatível com o organismo, ele é biodegradável e em alguns meses é reabsorvido pelo corpo. Estudos estão tentando associar substâncias ao ácido que estimulem a formação de colágeno.
Assim, mesmo reabsorvido, o resultado seria duradouro.
OUTRAS ÁREAS
Mas não só a medicina estética vem tirando proveito do ácido. A ortopedia, que lança mão dele no tratamento da artrose, está investigando se o seu uso é capaz de regenerar a cartilagem das articulações.
"Sabe-se que ele diminui a dor por atuar como um lubrificante", diz o ortopedista Ricardo Cury, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho.
Na oftalmologia ele vem sendo testado em casos de olho seco, como lubrificante, e na plástica ocular, para preenchimento de espaços. "Pode ser usado para tratar retração de pálpebras", diz o oftalmologista Eugênio Santana de Figueirêdo, pós-graduando na Universidade Estadual de Campinas.
Outro campo promissor é a terapia gênica ocular, utilizando o ácido como carreador de genes da superfície para células da córnea e conjuntiva.
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