Não há docentes em número nem em qualidade no País
Os resultados do Ideb revelam um notável crescimento desse indicador para as séries iniciais do ensino fundamental. O aumento dos índices, de 2005 para 2009, tem sido contínuo, de 0,4 ponto a cada dois anos. Em 2009, o Ideb das séries iniciais do ensino fundamental foi de 4,6 pontos e a meta estipulada era de 4,2. Se o País continuar nesse nível de crescimento, alcançará antes de 2022 6 pontos ? a meta nacional. Por outro lado, a cada novo degrau o esforço será maior.
Nas séries finais do fundamental e no médio não se verifica essa taxa. Isso preocupa, pois a boa onda de aprendizado nas séries iniciais sofre de desaceleração. Nas finais, o incremento no Ideb, de 2007 para 2009, foi de 0,2 ponto, atingindo 4 pontos ? superior à meta (3,7). No ensino médio, o crescimento foi de 0,1, acompanhando o ritmo de 2005 para 2007 e alcançando 3,6 pontos.
Decompondo o Ideb em seus dois vetores, no fundamental se observa que o peso do desempenho escolar cresceu, com relação ao da aprovação ? o que mostra que a aprendizagem está fortemente influenciando o indicador. Mas no médio o caminho foi inverso: o fluxo ganhou impacto no aumento do índice.
Nessa etapa ocorre uma diversificação da oferta de disciplinas, mas o País não tem docentes em número e em qualidade. Dos professores que hoje ensinam física e química, somente 25% e 38% foram formados nestas matérias. Portanto, o ensino médio se coloca como grande desafio para os próximos governadores. E cabe ainda esperar a divulgação completa dos dados, para verificar se esse crescimento no Ideb se deu de maneira homogênea pelos Estados ou se foi puxado por aqueles que tinham as médias mais baixas. Isso evidenciará se a qualidade da educação segue o rumo da equidade.
MOZART NEVES RAMOS É PRESIDENTE-EXECUTIVO DO TODOS PELA EDUCAÇÃO.
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