O BES (Banco Espírito Santo), segundo maior acionista da Portugal Telecom, votou a favor da venda da posição do grupo português na Vivo à Telefónica, disse o presidente-executivo do BES, Ricardo Espírito Santo Salgado, nesta quarta-feira.

Para o executivo, a operação é a melhor alternativa para evitar uma oferta hostil da espanhola pela própria Portugal Telecom. Oferta hostil acontece quando uma empresa quer adquirir o controle de outra, mas nao entra em contato com o controlador, mas vai ao mercado e propõe a compra a acionistas menores.

Esse processo de aquisição do controle societário de uma empresa por outro grupo, por meio da compra de ações da empresa, pode ser amigável (quando há acordo prévio entre as partes) ou hostil.

Ele citou que os 7,15 bilhões de euros (US$ 8,72 bilhões), oferecidos na noite de terça-feira pela Telefónica pela fatia da Portugal Telecom na Vivo representam 90% do valor de mercado de todo o grupo português de telecomunicações.

"Estamos no limiar daquilo que é possível para que não haja uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) da Portugal Telecom pela Telefónica)."

"A persistência da manutenção da Portugal Telecom na Vivo só poderia resultar em um OPA à Portugal Telecom (por parte da Telefónica)", disse Salgado em entrevista coletiva.

Pela manhã, o governo português vetou a venda da participação da Portugal Telecom na Vivo à Telefónica, por meio do uso de golden share.

Para o presidente-executivo do BES, as atitudes da Telefónica tornam a parceria na Vivo "inviável", não sendo possível continuá-la. Ele alertou também que "a sobrevida da golden share da Portugal Telecom pode acabar em semanas".

Salgado afirmou ainda que o BES pretende continuar com os 7,99% que tem na Portugal Telecom, mas não pode dar garantias de manutenção, tendo em vista as novas regras que Basileia III deverá impor quanto ao capital dos bancos quanto a participações acionárias em companhias.

"Atendendo às circunstâncias do mercado, atendendo à crise europeia, não podemos dar uma garantia absoluta em relação ao futuro", frisou.

Nesta quarta-feira, em assembleia extraordinária de acionistas, o governo português usou as suas 500 ações com direitos especiais, inclusive de veto em negociações, chamada de golden share na Portugal Telecom para impedir a venda da Vivo, apesar de 74% dos votos expressos no encontro terem sido favoráveis à oferta da Telefónica.

O inesperado veto do governo de Portugal aconteceu após, na noite de terça-feira, a Telefónica ter elevado sua oferta pela segunda vez, de 6,5 bilhões para 7,15 bilhões de euros.