Candidato à deputado estadual é acusado de participar de grupo ligado a Júlio Uemura
Aposta do PP, Walter Rabello é réu por tráfico de influência
Uma das principais apostas do PP para deputado estadual, o apresentador Walter Rabello ainda é réu no processo que investiga transações supostamente criminosas relacionadas ao empresário Júlio Uemura, que atua no ramo de hortifrutigranjeiros em Mato Grosso. Rabello é acusado de ser o braço político de Uemura e ter feito tráfico de influência junto ao Executivo estadual.
Investigações do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cuja Operação Gafanhoto foi deflagrada em março de 2009, apontou uma estreita relação entre Rabello e Uemura.
Ao MidiaNews, o juiz José Arimatéa, da 15ª Vara Criminal de Cuiabá, afirmou que Rabelo foi ouvido, bem como os demais envolvidos, tendo encerrada a fase das oitivas. O magistrado aguarda resultados de autorias contábeis em empresas envolvidas no esquema para o processo ir para fase das alegações finais.
"Após as alegações vem a sentença, onde o envolvimento de cada uma será conhecimento. Neste momento, não posso dar detalhes sobre o processo", afirmou o juiz.
"Padrinho" e "chefe"
A denúncia oferecida pelo Gaeco e acatada pela Justiça aponta que Rabello, cassado por infidelidade partidária, fazia tráfico de influência, utilizando de seu prestígio político em beneficio do suposto grupo criminoso, sempre a pedido de Júlio Uemura.
Uma conversa entre Rabello e Uemura, gravada com autorização judicial, revela que o ex-deputado pedia bênçãos ao empresário, quase sempre o tratando como "chefe" e "padrinho", evidenciando a estreita relação entre os dois denunciados pela Operação Gafanhoto.
"Conversas (...) relatam empréstimos concedidos por Júlio Uemura, como doação de cadeiras de rodas para seu programa de TV", diz trecho da denúncia do Gaeco. O programa "Olho Vivo na Cidade" era apresentado por Rabello na TV Cidade (SBT), de onde ele foi demitido, antes de oficializar sua campanha a prefeito de Cuiabá, em 2008.
As investigações também mostram que, enquanto deputado estadual, Walter Rabello empregava em seu gabinete pessoas indicadas por Júlio Uemura, comprovando a existência de "troca de gentilezas" entre os denunciados.
"Walter Rabello, após solicitar o apoio financeiro de Júlio Uemura para realização de uma campanha beneficente (entrega de brinquedos no Natal), ressalta que colocará à disposição deste, uma vaga de assessor direto em seu gabinete", relata denúncia, conforme conversa telefônica do dia 11 de dezembro de 2007.
Sefaz
Nos diálogos, Walter Rabello conversa com Uemura sobre uma perseguição feita por um fiscal da Secretaria de Fazenda às empresas de Uemura. O ex-deputado afirmou que procuraria o então secretário de Fazenda, Eder Moraes, para resolver a situação.
Outro lado
Procurado em seus telefones celulares, o candidato Walter Rabello não foi localizado. A produção de seu programa de TV disse que ele não iria até o local hoje, pois ele está impedido de se apresentar por causa da lei eleitoral.
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