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Polícia Brasil
Quarta - 30 de Junho de 2010 às 00:09
Por: Ney Rubens/de Belo Horizonte

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Ney Rubens/Especial para Terra
Delegados durante a perícia no interior da casa do goleiro do Flamengo
Delegados durante a perícia no interior da casa do goleiro do Flamengo

 

 

O delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de Minas Gerais, disse, na noite desta terça-feira, que a equipe de delegados que apura o sumiço da estudante paranaense Eliza Silva Samúdio, 25 anos, investiga porque o irmão do homem conhecido como Macarrão foi ao sítio do goleiro Bruno, do Flamengo, pela manhã, de onde saiu com um saco plástico preto, possivelmente com roupas.

Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, ela procurou a polícia para dizer que estava grávida do goleiro, e que ele a teria agredido para que ela tomasse remédios abortivos para interromper a gravidez. O processo de reconhecimento de paternidade corre na Justiça do Rio e o menino foi registrado apenas com o nome da mãe, sem pai declarado.

O homem, identificado como Vitor, seria responsável pela vigilância da propriedade e foi filmado por uma equipe da TV Record quando deixava o sítio, que fica no Condomínio Turmalina, na cidade de Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte. Moreira confirmou a informação e disse que os policiais vão apurar o que havia no saco plástico.

"Ele foi visto (filmado) carregando a sacola. Vamos apurar o que era", disse o delegado. Vitor teria aproveitado que a casa não estava sendo vigiada pelos policiais na manhã de hoje para entrar na residência. Após ser filmado pela equipe de reportagem, o homem correu por um matagal nos fundos do sítio e não foi mais visto.

Segundo a delegada Alessandra Wilke, que está à frente do inquérito, o irmão de Vítor, identificado como Luiz Henrique e conhecido como Macarrão, é um amigo de infância do goleiro Bruno e, desde o início da carreira dele como jogador de futebol o ajudaria a administrar os bens e até as finanças.

Alessandra afirmou ainda que Macarrão foi apontado por testemunhas como a pessoa que teria trazido a estudante Eliza Samudio do Rio de Janeiro para Minas Gerais, a pedido de Bruno, e que também teria dado ordens para que a mulher do goleiro, Dayane Souza, retirasse do sítio o filho de Eliza. A criança, que tem 4 meses, foi encontrada por policiais na última sexta-feira em uma casa no bairro Liberdade, Ribeirão das Neves.

Ainda segundo a delegada, as duas denúncias que chegaram até a polícia relataram que Macarrão seria um dos dois homens que estariam no sítio no dia em que Eliza teria sido espancada até a morte por eles e por Bruno. A delegada deverá solicitar à Justiça nos próximos dias um mandado de prisão para Macarrão, caso ele não se apresente espontaneamente para prestar depoimento.

Nesta terça-feira a polícia ouviu o depoimento de Cleiton Gonçalves da Silva, 22 anos, motorista do jipe Land Rover de Bruno, apreendido no último dia 8 de junho em Esmeraldas por estar com impostos atrasados.

Segundo o boletim de ocorrência registrado no dia pela Polícia Militar, no veículo estavam quatro pessoas. Segundo fontes policiais, além de Cleiton, estavam no carro Macarrão e outros dois homens que fariam a segurança de Bruno conhecidos como Coxinha e Russo, este último um ex-policial militar de Minas Gerais que foi expulso da corporação em 2002 pelo suposto envolvimento em roubos a mão armada e outros crimes.

Em uma entrevista concedida no ano passado ao jornal Extra do Rio de Janeiro, postada na internet, Eliza relatou que sofria agressões e ameaças de Bruno, que não queria que ela tivesse o filho que seria dele, e que um amigo do goleiro estava armado em uma das ocasiões. Esse amigo seria Russo, o ex-policial militar, que também será intimado, juntamente com Coxinha, para prestar depoimento à polícia.

O caso
O goleiro do Flamengo nega as acusações de que estaria envolvido no desaparecimento de Eliza, que teria sumido após deixar o Rio de Janeiro em direção a Minas Gerais a convite de Bruno. A delegada Alessandra disse que contatou as amigas de Eliza no Rio, que confirmaram a viagem. Na última quinta-feira, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador. Ainda de acordo com as informações recebidas pela polícia sob sigilo, o goleiro teria queimado roupas e pertences de Eliza após o crime.

Segundo a apuração de Alessandra, Bruno esteve no sítio entre os dias 6 e 10 de junho. Na noite de sexta-feira, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá. A atual mulher do goleiro, Dayane Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que, por volta de 19h de sexta-feira, Dayane havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Por ter mentido à polícia, Dayane Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade na manhã deste sábado. Ela também será novamente convocada a depor.

Por meio de sua assessoria, Bruno disse não saber do paradeiro de Eliza, nem do filho. "Não tenho contato com essa mulher há mais de dois meses. Nunca a levei para Minas. Nas férias fui para minha fazenda com a Dayane, minha esposa, e minhas filhas. A Dayane continua lá, e eu voltei para treinar", afirmou o goleiro.

Outras polêmicas
O goleiro Bruno já esteve nos noticiários policiais outras vezes. Quando jogava pelo Atlético-MG, em 2006, ele foi detido em Ribeirão das Neves, cidade onde morava, por ter participado de um racha de carros durante a madrugada.

Já no Flamengo, em 2008, Bruno e outros atletas da equipe carioca se envolveram em uma briga com garotas de programa durante uma festa no sítio do atleta logo após uma partida entre o rubro-negro e o Atlético-MG.

Bruno também deu uma polêmica declaração em uma entrevista coletiva quando tentou defender o jogador Adriano, seu colega de Flamengo, de uma suposta acusação de agressão à noiva. "Qual de vocês que é casado que nunca brigou com a mulher? Que não discutiu, que não até saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, xará", disse o goleiro no início de março.





Fonte: Terra

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