Crise na Europa, consumo em alta e até as chuvas no Nordeste fazem o metal ficar caro
Preço do ouro deixa alianças 400% mais caras
Como o peso médio do par da joia gira em torno de 30 gramas, a mesma oscilação medida pelos investidores na onça (nome dado a esse peso do ouro na Bolsa de Londres) chega ao bolso do brasileiro, segundo Écio Moraes, diretor executivo do Sindijoias (sindicato da indústrias de joalheria de São Paulo).
- A aliança popular é feita 75% em ouro, o que acaba gerando um impacto para o ourives [profissionais que confeccionam a joia]. Para driblar esse aumento no preço, os profissionais têm procurado fazer alianças mais finas, além de usar pedras para tornar a joia mais leve, no bolso e na mão.
Moraes afirma que a valorização tem trazido novos designs à joia brasileira, já que mesmo com a alta nos custos, os brasileiros nunca compraram tantas alianças. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que no ano passado cerca de 1 milhão de brasileiros se casaram, o que acaba se somando ao contingente de investidores que a cada ano tem recorrido ao ouro como forma de “refúgio” em tempos de crise.
- Com a desvalorização do dólar e do euro, o ouro é a principal garantia de pagamento na Europa. Funciona como um porto seguro no caso das moedas correntes perderem o valor. Com isso, a procura por barras de ouro tem se tornado maior.
No último dia 18, a Bolsa de Londres registrou o recorde de R$ 2.250 (US$ 1.258,38) a onça do ouro. Para Mauriciano Cavalcanti, operador de mercado da Ouro Minas, a dificuldade na exploração do metal, devido às chuvas no Norte do país, também tem contribuído para elevar o preço do ouro no Brasil, negociado atualmente em R$ 73,80 o grama.
- O valor do metal no Brasil depende também da cotação do dólar e da disponibilidade da matéria-prima no mercado. Com a queda no número de extrações, existe uma valorização extra de 4%.
Presente que vira investimento
A dificuldade em obter o minério deixou as joias 30% mais caras neste ano, segundo o Sindijoias (sindicato do setor). No entanto, com a melhora na renda do brasileiro, a valorização do metal não tem influenciado as compras, segundo Abraão Chamma, proprietário da Brumar Joias, que vende para o atacado e varejo.
- Quanto mais valoriza o ouro, mais as pessoas procuram. Muitos clientes que costumam comprar prata estão procurando mais o ouro agora. Então começa a valorizar o ouro, as pessoas devem pensar “opa, vou comprar uma coisa que valoriza”.
Para a advogada Vanessa Horiuti, comprar uma joia pode ser um investimento de longo prazo, já que o metal pode ser usado na obtenção de empréstimo por meio do penhor. Ela diz que pretende gastar até R$ 150 com um par de brincos que irá dar de presente para a sogra.
- Eu gosto de joia, que é para vida inteira. Joia é tradição, que passa de família. Além disso, ouro se valoriza. Eu já empenhei na Caixa e peguei a peça de volta depois. Eu revendo joias, então ao invés de pegar o meu lucro em dinheiro, eu prefiro pegar em joia.
Com o consumo em alta, o faturamento do setor também não para de crescer, assim como a procura pelo penhor de joias –modalidade usada para quem está endividado e precisa de crédito. Somente no ano passado, o faturamento chegou a R$ 6 bilhões, sendo que desse total, R$ 5 bilhões foi por meio do penhor.
* Colaborou Ana Flávia Oliveira, estagiária do R7
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