Luis Carlos Samudio, pai da jovem Eliza Samudio, que está desaparecida há cerca de três semanas, declarou neste domingo (27) que tem poucas esperanças de reencontrar a filha viva. "A esperança é a última que morre. No fundo, tenho quase certeza de que ela não está mais entre a gente", diz ele, que foi a Contagem (MG) acompanhar as investigações.
Eliza, de 25 anos, teve um relacionamento com o goleiro Bruno, do Flamengo, no ano passado. Ela busca o reconhecimento de que Bruno seja pai de seu filho de quatro meses.
No início da noite, Luis Carlos obteve a guarda temporária, por 90 dias, do bebê de Eliza, que havia sido encaminhado a um abrigo em Contagem no sábado. Na ocasião, o advogado de Luis Carlos, Jader Marques, afirmou que a criança é mesmo o filho de Eliza e que a família tem documentos do menino.
O pai de Eliza deixou o abrigo com a criança no colo, acompanhado de sua mulher. O bebê será levado pelo pai da jovem à Foz do Iguaçu, onde vive.
Buscas pelo corpo
Bombeiros e policiais militares tentaram entrar neste domingo no sítio do goleiro do Flamengo, Bruno, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo uma denúncia anônima, o corpo de Eliza Samudio estaria enterrado na propriedade. Os bombeiros não puderam checar porque não obtiveram um mandado judicial para entrar no local.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Alessandra Wilke, o sítio de Bruno era vigiado desde quinta-feira (24) e policiais chegaram a ver um bebê no local.
"No primeiro levantamento, a gente chegou a visualizar a movimentação na casa e também essa criança de colo. O Bruno tomou conhecimento e orientou que todo mundo saísse do sítio. Pediu para os funcionários do sítio, inclusive a esposa dele, Dayane, que estava lá, deixarem o local para a gente não localizar esse bebê", disse a delegada.
Quando a polícia voltou ao sítio, a criança havia desaparecido. Um amigo de Bruno foi detido para prestar depoimento. "Esse amigo resolveu falar a verdade, falou que essa criança chegou no sítio no dia 7 de junho com um amigo de Bruno conhecido como Macarrão. Falou também que o Bruno estava no sítio e que essa criança ficou lá, mas nega a existência de Eliza no local", disse Wilke.
Mulher de Bruno prestou depoimento
De acordo com a delegada, Eliza pode estar morta. "Conforme a denúncia e todo o histórico de tentar esconder esse menor, (a suspeita) seria que ele e mais dois amigos agrediram a Eliza, que provavelmente morreu, e ocultaram o cadáver pra tentar se livrar".
A atual mulher de Bruno, Dayane Souza, prestou depoimento nesta sexta-feira (25) sobre o paradeiro da criança que estaria no sítio. Poucas horas depois, a polícia apresentou um bebê que seria o filho de Eliza.
Segundo a delegada do caso, o menino teria sido entregue a um conhecido de Dayane, que disse em depoimento ter escondido a criança a pedido da mulher. "Ele teria sido orientado pela Dayane a encontrá-la na BR-040, ocasião em que ela estava com esta criança no colo", diz a delegada.
No Rio de Janeiro, uma amiga de Eliza, que pediu para não ser identificada, disse que conversou com ela pela última vez no dia 4 de junho. "Em uma sexta-feira, ela disse que ia falar com o Bruno. No sábado, tentei ligar e a partir daí o telefone dela só deu como se estivesse sem bateria ou desligado. As pessoas que eu sei que tinham contato com ela também não conseguiram mais ter contato", disse a amiga.
Bruno ainda não se pronunciou
O goleiro do Flamengo ainda não se pronunciou, mas segundo Michel Assef Filho, vice-presidente jurídico do clube, o atleta está à disposição da Justiça e deve prestar depoimento nesta semana. Assef também revelou que Bruno e Eliza haviam entrado em um acordo para a investigação da paternidade do bebê da jovem.
Histórico
Em outubro do ano passado, Eliza Samudio prestou queixa contra o atleta por sequestro, ameaça e agressão na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com o depoimento dela, Bruno e dois amigos a obrigaram a ingerir remédios abortivos na ocasião. A mulher disse que o goleiro chegou a ameaçá-la com uma arma apontada para a cabeça, mas ele negou as acusações.
Um laudo do Instituto Médico legal sobre o resultado do exame corpo de delito feito por ela na ocasião encontrou "vestígios de agressão" na jovem. Responsável pela investigação do caso, a delegada Maria Aparecida Mallet chegou a pedir medidas protetivas que impediam o atleta de se aproximar mais do que 300 metros de Samudio e de sua família.
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