Enquanto Marina Silva (PV) deseja arrecadar cerca de R$ 90 milhões em 2010, o PT trabalha com a perspectiva de gastar cerca de R$ 180 milhões. O G1 procurou líderes do PSDB desde a semana passada, mas não obteve retorno para os questionamentos sobre as perspectivas de gastos.
O valor que os partidos pretendem empregar na disputa será oficialmente conhecido até o começo de agosto, data limite para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) receba as primeiras prestações de contas das siglas. Enquanto isso, coordenadores de campanha se lançam às projeções e especialistas afirmam que falta transparência nos gastos.
Para as eleições 2010, Marina Silva foi a primeira a declarar publicamente sua expectativa de arrecadação. “Não chega nem perto do que foi declarado pelos outros candidatos, mas é algo razoável”, disse.
Segundo o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o partido vai fazer o registro da candidatura de Dilma Roussefff com uma indicação de até R$ 180 milhões de gastos. Em 2006, a previsão máxima de gastos na campanha foi de R$ 89 milhões.
De acordo com levantamento da Transparência Brasil, com base em dados do TSE, a campanha de Lula gastou efetivamente R$ 75 milhões em 2006 e R$ 21 milhões em 2002. O custo médio de cada voto recebido foi de, respectivamente, R$ 0,81 e R$ 0,53.
Aumento
Dutra evitou fazer uma interpretação sobre os motivos do crescimento dos custos, mas disse que, “concretamente, o que pesa mais é o material de publicidade”. Televisão e gráfica são os principais itens de custo. “Quanto maior o tempo de TV, mais caro fica. Este ano vamos ter um custo maior do que os anos anteriores.”
O cientista político Ricardo Caldas avalia que as declarações de custos apresentadas ao TSE não são verdadeiras. “Os números reais não estão em lugar nenhum. As doações verdadeiras tendem a ser o dobro do que foi declarado.” Apesar disso, ele arrisca uma projeção dos gastos mínimos para eleger Dilma ou Serra. “Nada inferior a R$ 150 milhões”, disse.
Transparência
O diretor da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, evita fazer qualquer tipo de projeção para os gastos dos partidos. “Há uma diferença entre eleições que já passaram e as que estão acontecendo. Não se sabe qual o patamar ainda”, disse.
Segundo ele, candidatos a cargos proporcionais sabem que há para cada estado um patamar mínimo de arrecadação sem o qual fica impossível ser eleito. Mas, nenhum deles sabe a capacidade de gastos dos outros concorrentes. “Isso aumenta a incerteza dos candidatos e faz que eles até procurem arrecadar mais do que precisam.”
Abramo avalia que nem mesmo o financiamento público poderia frear supostas irregularidades, “Candidatos vendem decisões futuras. Empresas compram essas decisões. Esse mercado existirá independentemente da legislação”, avalia.
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