Assediado pelo tucano José Serra, o PMDB-RS oficializou o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça como candidato ao governo e indicou que permanecerá "imparcial" e "isento" na disputa presidencial. No mês passado, Serra se reuniu com Fogaça e com deputados do PMDB em uma tentativa de obter apoio para debilitar a petista Dilma Rousseff em seu berço político.

Na festa montada para oficializar a candidatura ao Palácio Piratini, peemedebistas centraram seus discursos na disputa local, evitando citar a corrida para a Presidência. Fogaça advoga que o PMDB-RS se mantenha em postura de "imparcialidade ativa" entre Dilma e Serra.

"Não fui eu que inventei [a "imparcialidade"]. O partido tem divergências. Não houvesse divergências, já estaria definido. O que o PMDB-RS decidir é o que vou seguir", disse Fogaça à Folha.

Segundo ele, o partido poderá tomar uma decisão até o dia 6 de julho. Segundo o Datafolha, a disputa no RS está polarizada entre Tarso Genro (PT), com 31%, e Fogaça, com 30%. A pesquisa, feita no final de março, mostra a governadora Yeda Crusius (PSDB) com 8%. O discurso da isenção é repetido como mantra por caciques do PMDB gaúcho.

Um dos articuladores da convenção que sacramentou Michel Temer como vice de Dilma, o deputado Eliseu Padilha, diz que o RS é um dos 13 Estados em que há dificuldades na relação PT-PMDB. Apesar da polarização com o PT local, a vontade de alguns peemedebistas de oferecer palanque a Serra encontra um entrave no PDT, aliado na disputa local, que está fechado com Dilma.

"Temos que trabalhar com luvas de pelica e conduzir como se estivéssemos caminhando sobre ovos", comparou Padilha.

Único a mencionar os presidenciáveis ao discursar, o presidente do PMDB-RS, senador Pedro Simon, mostrou pragmatismo. "Se ganhar a ministra candidata do PT, ninguém melhor para governar com ela do que o Fogaça [...] Se ganhar o sr. Serra, ninguém melhor para governar com ele que o Fogaça", declarou.

Lado petista

Na manhã de hoje, o PT também realizou a convenção que lançou Tarso ao governo. Dilma não esteve no Estado. Em carta lida durante o evento, a presidenciável afirmou que "Tarso Genro representa Lula".

Após a convenção, Tarso disse que não quer o monopólio do palanque de Dilma e que aceitaria dividir a presidenciável com o rival Fogaça.

"Queremos que ela seja apoiada pelos mais diversos partidos. No caso do RS, tomara que o PMDB também apoie a Dilma", afirmou.

O PSDB oficializa amanhã a candidatura à reeleição de Yeda Crusius.