Um grupo de seis deputados indígenas da Bolívia começaram uma greve de fome para pressionar o presidente Evo Morales a fazer uma reforma que permita às etnias contarem no futuro com mais de um quarto das cadeiras na Câmara Baixa.

A greve começou na noite desta sexta-feira na Câmara dos Deputados com a participação de legisladores de grupos étnicos eleitos no pleito geral de dezembro pelo partido governista MAS (Movimento ao Socialismo).

O deputado Pedro Nuni, representante dos povos amazônicos, disse que a greve de fome reivindica que o número das cadeiras especiais na Câmara dos Deputados para indígenas suba dos atuais sete para 37 de um total de 130.

Das 37 cadeiras, 18 devem ser para a representação dos povos indígenas do leste e 19 para os do oeste, como exigem os grevistas.

Os indígenas pedem que essa reforma seja aprovada no projeto de lei de Regime Eleitoral, que debate atualmente a Câmara de Deputados.

Essa é uma das cinco normas chave que devem entrar em vigor antes do dia 22 de julho para respaldar a aplicação da Constituição Política do Estado vigente desde 2009.

O ministro de Exteriores, o aimará David Choquehuanca, se uniu hoje aos grevistas para escutar suas reivindicações e depois transmiti-las ao presidente Morales, com quem também é possível que se reúnam nas próximas horas, explicou Nuni.

"Muito se fala dos povos indígenas, nossa Constituição fala muito dos povos indígenas, mas nada se respeita", acrescentou.

Nuni também ressaltou que a greve apoia a caminhada de mais de 1,4 mil quilômetros iniciada há uma semana iniciou por 500 indígenas na região amazônica de Beni com direção a La Paz para exigir a consolidação das autonomias indígenas no país.

Desde na segunda-feira, a marcha 92 quilômetros e se dirige primeiro à cidade de Santa Cruz para depois chegar a La Paz.

O presidente Morales, que é da etnia aimara, acusou os indígenas de serem manipulados pela Usaid (Agência para o Desenvolvimento dos Estados Unidos) a fim de afetar seu governo, o que os grupos étnicos e a embaixada dos Estados Unidos rejeitam.

Há poucos dias, dirigentes aimaras do Conselho Nacional de Ayllus e Markas do Qullasuyu também ameaçaram cercar La Paz e a sede do Parlamento caso o MAS não de andamento a seu pedido de aumentar o número de cadeiras para os indígenas do país.