Para a CM Capital, IPCA de junho deve ficar em 0,10%
A deflação do grupo alimentos, destaque na primeira queda do IPC-Fipe em quatro anos, vai garantir forte desaceleração também ao IPCA em junho, que deve fechar em 0,10%, ante a alta de 0,43% em maio. "A inflação de alimentos foi o grande vilão dos primeiros meses do ano até maio e agora deve compensar para baixo, trazendo um pouco de alívio", afirmou o estrategista-chefe da CM Capital Markets no Brasil, Luciano Rostagno.
Em entrevista ao serviço AE Broadcast Ao Vivo, o analista estimou que, no conceito 12 meses, o IPCA deve ficar pouco abaixo de 5% na divulgação relativa ao mês de junho (prevista para o dia 7 de julho). Para Rostagno, isto significa que, após a forte alta registrada nos primeiros meses do ano, os alimentos colaboram para segurar um pouco a inflação cheia e evitar o temor excessivo de que a inflação estivesse em trajetória explosiva e que, por isso, o BC tivesse de implementar um choque de juros.
Ontem, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgou a primeira queda em quatro anos do IPC. O número relativo a terceira quadrissemana de junho recuou 0,08%, sendo que a baixa mais acentuada entre os componentes foi registrada pelo item alimentação (-1,21%). Na divulgação do IPCA-15, feita na terça-feira, o grupo alimentos e bebidas registrou deflação de 0,42%, em comparação com alta de 1,0% em maio.
Já no segundo semestre do ano, após a esperada deflação agora em junho, a inflação medida no grupo de alimentos vai retornar ao território positivo, mas vai ficar em "um patamar mais tranquilo ou sustentável" para a inflação local. "O IPCA cheio deve voltar a subir um pouco, mas terminar (o ano) em 5,40%. Nada explosivo, mas acima da meta, o que justifica o BC implementando o ciclo de aperto monetário".
O estrategista da corretora, que tem sede na Espanha, projeta que a taxa Selic fechará o ano em 11,75%, ante o nível corrente de 10,25%. A expectativa é que haja um novo aperto de 0,75 ponto porcentual na reunião de julho, uma alta de 0,50 ponto em setembro e, então, uma elevação de 0,25 ponto em outubro.
Para 2011, Rostagno estima que o IPCA irá convergir para o centro da meta de inflação (4,5%), com uma ajuda do ambiente externo, que deve inibir um pouco a alta das commodities no cenário internacional.
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