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Policia MT
Sexta - 25 de Junho de 2010 às 06:00
Por: Adilson Rosa/Joanice de Deus

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Reprodução/Adilson Rosa
Mãe e filha foram atingidas em casa, no condomínio Villas Boas. Criança morreu enquanto dormia. Namorado estava na cena, mas só ouviu disparos
O ciúme pode ter sido a causa da tragédia em que terminou o relacionamento amoroso entre o médico ginecologista Afrânio Maia de Almeida, de 33 anos, com a fisioterapeuta e estudante de Direito, Liciane Conceição Ferraz Ferrasioni, de 28. Ontem de madrugada, ele invadiu a casa da ex-companheira, atirou nela e executou a filha do casal, Maria Clara Ferraz Maia, de 6 anos. Em seguida, se matou com um tiro na cabeça. O assassinato, seguido de tentativa e suicídio, ocorreu no condomínio Villas Boas, no bairro Santa Rosa II, em Cuiabá.

A criança morreu em sua cama, onde dormia. Afrânio e Liciane ainda foram levados ao Pronto-Socorro de Cuiabá (PSC). Ele morreu assim que passou pelo box de emergência e ela ficou sedada, pois entrou em estado de choque.

Na casa, estava o namorado Wilker Patrick Melo, de 23, que dormia no quarto com Liciane e escutou os tiros. Ele, que pode ser o pivô da tragédia, já que estava se relacionando com a vítima há um mês, chegou a gritar para chamar a atenção de vizinhos. No local, foram apreendidas duas armas: um revólver e uma pistola.

Segundo suspeita de policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Afrânio matou a filha para que a mãe dela sofresse. O tiro dado na moça foi para que ela sobrevivesse e “continuasse o sofrimento”. O casal teve um relacionamento por cerca de 10 anos, mas nunca viveram sob o mesmo teto.

“Enquanto Liciane morava na casa do condomínio, no Santa Rosa II, ele vivia numa casa no bairro Araés, próximo de onde trabalhava, no Samu (Serviço Móvel de Urgência)”, explicou um policial plantonista. Há cerca de um ano, o casal teria se separado de vez. Ela resolveu voltar à faculdade e cursava Direito na Unic.

Entretanto, entre os próprios familiares e amigos há o desencontro de informações sobre o fato de ambos ainda estarem juntos ou não. “Tinham um relacionamento tumultuado, mas estavam juntos”, disse o pai da fisioterapeuta, Osvaldo Ferrasioni. Além disso, ele afirmou desconhecer que a filha estaria namorando outro rapaz. “Não estou sabendo, todos têm amigos”, resumiu.

Osvaldo Ferrasoni comentou que nunca ouviu a filha reclamar de qualquer tipo de violência ou agressão por parte de Afrânio. “Tinha seus desentendimentos, como todo casal”, disse.

Daoud Abdalla, diretor do Samu, onde Afrânio era plantonista, comentou que os dois haviam reativado o relacionamento e que estavam juntos em uma festa junina chamada “Nhô Dito”. “Estavam felizes”, comentou.

Já a prima do ginecologista, a jornalista Maria Fernanda Maia, informou que, até onde ela sabia, eles não estavam mais juntos, mas não sabia qual era o sentimento do primo em relação à ex-companheira. Porém, ela não acredita que o crime tenha sido motivado por ciúmes. “Não conseguimos entender, é muito difícil. Tentar compreender neste momento o que se passava na cabeça dele é uma tortura para a família”, disse.

RELAÇÕES - Há cerca de quatro meses Liciane conheceu Wilker e, há 30 dias, estavam namorando. Porém, o relacionamento começou a incomodar Afrânio que, então, teria preparado o macabro plano para se vingar da ex-companheira. Maria Maia disse não acreditar que Afrânio tenha planejado o crime. “Não acreditamos que ele estava pensando em fazer isso”.

Informações policiais dão conta de que, horas antes do crime, Afrânio esteve na casa de um parente, que é vizinho de Liciane. Ele teria visto o carro de Wilker na garagem da ex-mulher. Por volta da 1h30, o ginecologista usou a sua chave para entrar na casa de sua ex-companheira.

Wilker, que estava no quarto de Liciane, relatou à polícia que viu Afrânio mostrar uma arma para a fisioterapeuta. Em seguida, ouviu vários disparos, inclusive na porta e na parede. Familiares que moram próximos ouviram os tiros e correram para a casa de Liciane onde se depararam com os mortos e ela ferida. “Um irmão dele (Afrânio) nem sabia que eles estavam separados, uma vez que não moravam juntos e o relacionamento deles era o mesmo, pois moravam em casas separadas”, explicou um dos policiais.

O delegado Antônio Esperândio, de plantão na DHPP, informou que vai ouvir mais algumas pessoas para depois relatar o inquérito. “É preciso ouvir a vítima (Liciane), mas o estado de saúde dela não permite”, informou.

De acordo com assessoria de imprensa do Pronto-Socorro, Liciane estava internada na sala vermelha (semi-UTI), seu quadro clínico era estável, mas ela estava abalada emocionalmente e chorava muito. O tiro a pegou de raspão, na região lombar, e por estar muito chocada com o que aconteceu, a vítima ainda permaneceria o dia de ontem em observação.





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