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Agronegócios
Quarta - 23 de Junho de 2010 às 07:56
Por: Marcondes Maciel

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O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, teceu ontem duras críticas à Monsanto – multinacional detentora da tecnologia de sementes transgênicas da soja, conhecida como RR (Roundup Ready) – pelo monopólio na venda de sementes no Estado. “A Monsanto quer dominar o mercado e está forçando o produtor a utilizar somente as sementes transgênicas”, disse ele.

Este ano, a área plantada de soja com sementes transgênicas – geneticamente modificadas – poderá chegar a 60%. O primeiro levantamento de intenção de plantio em Mato Grosso, divulgado ontem pela Aprosoja/MT, mostra que a área de transgênicos deverá ficar em 3,65 mil hectares na próxima temporada (10/11), contra 2,43 mil hectares cultivadas com sementes convencionais. No ano passado, os transgênicos representaram 54,4% da área total, com 3,38 mil hectares plantados e 45,6% de soja convencional (2,83 mil hectares), equivalente a 45,6% da área.

Segundo Glauber Silveira, o mercado está sendo manipulado pela Monsanto e “isso deixa os produtores aborrecidos”. Para ele, o produtor tem de ter a liberdade de optar pelo tipo de semente que achar mais adequado e conveniente. “Hoje a soja transgênica não oferece mais vantagens ao produtor e os custos já ultrapassam os da soja convencional”.

“A verdade é que a Monsanto quer emplacar sua meta de fazer 85% da área plantada com sementes transgênicas e apenas 15% com convencionais. Isso não é bom para os produtores, que perdem a opção de produzir soja convencional para mercados que preferem este tipo de grão e pagam mais por ele. O ideal seria termos 50% da área de transgênicos e 50% de convencionais”. Em média, a saca de soja convencional chega a custar até R$ 3 a mais que a transgênica. “Se temos praticamente os custos de produção empatados e a convencional vale mais no mercado internacional, o produtor precisa escolher o que é melhor para ele”.

BRIGA - No ano passado, os produtores mato-grossenses chegaram a declarar guerra à Monsanto por causa dos valores pagos em royalties pelos sojicultores. Os produtores queriam uma explicação sobre que tipo de patente está gerando a cobrança, pois dependendo da patente, a empresa não tem direito em cobrar nada. O valor cobrado pela Monsanto pelo uso da patente, de acordo com cálculos dos produtores, está em torno de R$ 15 por hectare.

A soja transgênica diferencia-se da convencional por serem tolerantes à herbicida à base de glifosato, usado para dessecação pré e pós-plantio, para eliminar qualquer tipo de planta daninha. Essa tolerância faz com que o agricultor possa aplicar apenas esse herbicida sobre a soja, reduzindo assim seus custos de produção e o número de aplicações. Porém, o questionamento do setor é quanto a cobrança dos royalties pelo uso da semente.

CUSTOS - Estudo elaborado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revela que o custo total para o plantio de soja transgênica quanto convencional será de R$ 1,55 mil por hectare. O cálculo leva em conta os custos operacionais, representados pelos insumos (sementes, fertilizantes e defensivos) e operações agrícolas, totalizando R$ 1,01 mil, e ainda outros custos (assistência técnica, transporte da produção, armazenagem, beneficiamento, impostos, seguros, financiamentos e administrativos), R$ 317,15. A conta fecha com os custos fixos (depreciação de máquinas e equipamentos e preço da terra), R$ 224,47.

Mesmo com custos mais elevados em relação à soja convencional, o plantio de transgênicos terá um incremento de 8,10% nesta safra. “Não por vontade do produtor, mas por culpa da Monsanto, que está empurrando os sojicultores a trabalhar quase exclusivamente com sementes que ela mesma produz”.





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