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Agronegócios
Quarta - 23 de Junho de 2010 às 03:06
Por: Marcondes Maciel

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A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) divulgou ontem a primeira projeção de plantio da soja para o ciclo 10/11, que aponta queda de 1,98% na área plantada em relação à safra anterior. A cobertura deverá recuar de 6,21 milhões de hectares para 6,09 milhões. Apenas a região nordeste apresentará crescimento (3,79%) na próxima safra em Mato Grosso, que poderá ter início a partir de setembro com o fim do período do vazio sanitário.

As causas da redução da área plantada são os resultados desfavoráveis obtidos na safra 09/10, como a queda de preços da commodity no mercado internacional e baixos índices de produtividade associados à desvalorização cambial.

Outro fator que traz desânimo aos produtores é a margem de rentabilidade, que ano a ano vem apresentando queda. No ciclo 07/08, por exemplo, a rentabilidade da safra de soja chegou a R$ 108 por hectare (ha). Na safra seguinte o lucro despencou para R$ 59/ha e, na safra 09/10, continuou caindo, agora para R$ 46. Para a nova temporada a Aprosoja/MT tem estimativa pior: margem negativa de R$ 102,88 ha. “Será mais uma safra tensa para o produtor: ele plantará já sabendo que poderá colher prejuízos”, afirma o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.

Segundo ele, o produtor ficou animado com a produtividade obtida na safra 08/09, que teve melhores preços, por isso decidiu ampliar a área no ano passado apostando que seria uma safra de bons resultados. “Mas acabou sendo a pior safra em termos de rentabilidade nos últimos três anos, agravada pelo aumento da ferrugem asiática da soja”.

A redução de área será resultado da atitude dentro do campo. Silveira acredita que muitos produtores poderão abandonar áreas que exigem mais investimentos e custos de produção maiores. “O setor produtivo está com dificuldades para obter crédito e por isso pensa em racionalizar os custos optando por áreas onde os investimentos serão menores”, antecipa Silveira.

As regiões noroeste e oeste, por exemplo, tiveram queda expressiva de produção devido à qualidade da terra em regiões de areia, menos produtivas. “Áreas de pastagens também não apresentam vantagens para o produtor, pois dois primeiros anos têm um custo muito alto. É mais vantagem abrir uma área nova do que reaproveitar áreas de pastagens que já se encontram degradadas”. O cenário desfavorável para 10/11 poderá também levar o produtor a dar mais espaço às áreas de algodão, “que dão sinais de melhores preços”.

RECRUSOS - O levantamento da Aprosoja/MT apresenta também uma projeção sofre as fontes de recursos para a próxima safra. A exemplo do ano passado, os recursos federais devem representar apenas 6% do total dos recursos. Já o sistema financeiro aumentará de 11% para 12% a sua participação na formação do montante do crédito e, as revendas, vão ampliar de 14% (safra 09/10) para 20% sua presença no bolo total dos recursos. As multinacionais de fertilizantes e grãos, em contrapartida, deverão reduzir a participação de 35% para 25% nesta safra, obrigando o produtor a desembolsar mais recursos para fazer frente às despesas de custeio. Este ano, os recursos próprios do produtor deverão aumentar para 37%, contra 34% na safra anterior.

Já o custo de produção deverá recuar 7%, com média prevista de R$ 1,59 mil por hectare na avaliação das principais regiões produtoras do Estado: Campo Verde (sudeste), Canarana (nordeste), Diamantino (centro-sul), Sapezal (oeste) e Sorriso (médio norte). A região que apresentará o menor custo médio de produção é Diamantino (R$ 1,403 mil/hectare) e, o maior, Campo Verde, onde o produtor deverá desembolsar, em média, R$ 1,543 mil para plantar um hectare de soja.






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