Segundo a pesquisa, as frequências de peso, obesidade, diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial e de diabetes registraram variações temporais significativas.
Para o endocrinologista Amélio Fernando de Godoy Matos, membro da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o resultado não é uma surpresa, pois a cada pesquisa realizada, o número aumenta. "O Brasil definitivamente está entrando para o time dos países com os maiores índices de obesidade, entre eles os EUA e o Reino Unido", disse ele.
Godoy Matos explicou que não é apenas o brasileiro que está engordando. "É uma tendência mundial, à medida que os países vão se ocidentalizando, eles vão aumentando a proporção de pessoas obesas. O Brasil adquiriu hábitos americanizados", contou.
O endocrinologista ainda explicou um fenômeno que acontece nos países em desenvolvimento, chamado transição nutricional. "Ele não é puramente alimentar. É um fenômeno cultural social, as pessoas vão enriquecendo e passam a comprar itens como televisão e celular, o que aumenta o sedentarismo. Por outro lado, elas passam a ter acesso a alimentos industrializados, ricos em calorias."
Uma pesquisa realizada há cerca de cinco anos pelo ministério mostrou que nas classes mais ricas havia diminuição da obesidade, principalmente em mulheres, e aumento nas classes mais pobres, principalmente nos homens.
De acordo com o médico, pessoas com nível baixo de educação se alimentam errado e não têm muito zelo pela saúde a apreciação pelo aspecto estético. "As classes mais educadas tendem a se proteger desse fenômeno, pois têm acesso a médicos, academias e uma série de outros fatores".
Ele ainda explicou que em um estudo semelhante realizado na Arábia Saudita os resultados foram parecidos, o que explica o fenômeno nos países em desenvolvimento, mas que mesmo em países desenvolvidos, a obesidade aumenta nas classes mais pobres.
DIABETES
Godoy Matos também comentou o resultado relativo ao número de diabéticos. Segundo a pesquisa, 5,8% afirma sofrer de diabetes, o que pode ser relacionado à ingestão de grande quantidade de açúcar, massas e alimentos calóricos.
"Acho que há um erro, há muito mais diabéticos. Em estudos feitos há 20 anos, já tínhamos 7% da população diabética", explicou. Ele calcula que pelo menos 10% dos brasileiros têm diabetes e que o erro pode ter ocorrido porque a pesquisa foi realizada pelo telefone e era o entrevistado que dizia quanto pesava, por exemplo, ou se era diabético ou não.
De acordo com o endocrinologista, muitas pessoas desconhecem o fato de ter a doença ou minimizam o diagnóstico.
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