O corpo de José Saramago foi cremado neste domingo na capital lusa junto a uma edição do "Memorial do Convento", uma de suas obras fundamentais e graças à qual conheceu a sua esposa, Pilar del Río.

A obra foi colocada junto ao caixão por Eduardo Lourenço, contemporâneo de Saramago e considerado um dos intelectuais portugueses mais destacados do século XX.

 

Francisco Seco/AP
Caixão com o corpo de Saramago é levado para o cemitério Alto de São João, em Lisboa, onde foi cremado
Caixão com o corpo de Saramago é levado para o cemitério Alto de São João, onde foi cremado




Lourenço entregou o livro, com lágrimas nos olhos, a Pilar del Río e escreveu algumas palavras que ninguém leu, já que foi depositado e fechado junto ao caixão na Prefeitura de Lisboa.

Blimunda, a protagonista de "Memorial do Convento", é um dos personagens femininos mais importantes criados por Saramago.

Em 1986, Pilar del Río, na ocasião uma jovem jornalista que trabalhava em Sevilha, comprou o livro e gostou tanto que o presenteou às melhores amigas, comentando sua grande vontade de conhecer esse homem capaz de tocar tanto a alma feminina através de Blimunda.

As cinzas de Saramago repousarão em breve em um lugar de Lisboa ainda não revelado, mas é desejo de sua viúva que seja um local onde seus leitores possam sentar para ler suas obras.

Familiares, inúmeros amigos, intelectuais e autoridades lusas assistiram às honras fúnebres do escritor, que morreu na sexta-feira, aos 87 anos, em sua casa da ilha canária de Lanzarote.