Os requisitos básicos para o financiamento são a coleta seletiva de lixo e a reciclagem do material de demolição, aproveitamento da água da chuva nos banheiros e gramados, otimização da ventilação e da iluminação naturais e uso de biocombustíveis (veja quadro abaixo).
O BNDES já foi procurado por 4 das 12 unidades da Federação que sediarão o Mundial: Amazonas, Bahia, Mato Grosso e Ceará.
Cada cliente pode conseguir até R$ 400 milhões como financiamento do banco para as obras dos estádios, mas para isso precisará de certificados ambientais reconhecidos globalmente.
A maioria dos escritórios de arquitetura contratados pelos Estados e municípios que sediarão jogos está atrás dos selos verdes.
As obras precisam ser vistoriadas desde a primeira martelada para serem aprovadas, porque os selos levam em conta o material escolhido e seu transporte até o canteiro, entre outros aspectos.
Os arquitetos afirmam que a médio e longo prazos o investimento compensa.
Vicente de Castro Mello, arquiteto responsável pelo projeto do Estádio Nacional de Brasília, que substituirá o Mané Garrincha, afirma que as arenas verdes dão retorno de sete a dez anos após a construção. "A partir daí, você só tem benefícios", diz.
Os benefícios são, sobretudo, a geração da energia (por meio de painéis fotovoltaicos, que usam luz solar) consumida pelo próprio estádio.
Essa também é a aposta de Gustavo Penna, arquiteto da reforma do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).
Segundo Penna, o estádio venderá para a Cemig a energia produzida pelos painéis. Nos dias de jogos, consumirá energia sem ter de pagar à companhia.
Para aproveitar a luz solar, Penna afirma que implantará coberturas translúcidas e usará cores claras, especialmente o branco.
Esses benefícios devem compensar também o encarecimento das obras: com as restrições do BNDES, os projetos de construção e reforma das arenas ficam de 3% a 10% mais caros, segundo arquitetos ouvidos pela Folha.
Selos
A construção da Arena Amazônia, em Manaus (AM), por exemplo, custará, segundo o governo estadual, R$ 499 milhões. Sem os requisitos ambientais, poderia sair por R$ 449,1 milhões.
O gerente responsável pela sua construção, Osmar Aguiar, diz que tem preocupações em reciclar e reutilizar cadeiras, materiais de som e iluminação do antigo Vivaldão, em Manaus.
O Estádio Nacional de Brasília, a Arena Amazônia e o Mineirão buscam o selo americano Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental, em inglês). A Fonte Nova, de Salvador (BA), deve ir atrás do mesmo certificado.
O Estádio das Dunas, de Natal (RN), ainda não definiu qual selo vai buscar.
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