Enquanto o técnico de laboratório Ivan Cardoso dos Santos dribla a emoção de ser torcedor, a auxiliar de cozinha Ana Maria Santos assume que é preciso se cuidar, a vendedora Renata Diniz promete voltar os olhos para o coração, ao menos pela filha, e a artesã Sueli Barbosa segue soltando o corpo e a alma em um só ritmo.
No silêncio do interior de Minas, a professora Solange Ferreira Monteiro vai conciliando ansiedade e o ofício de ensinar. E a pressão da jovem Thaís Monteiro Ribeiro vai sendo elevada pela saudade.
Em cada um dos nossos personagens, a doença, democrática e silenciosa, corre pelas artérias e ganha formas diferentes. No sobe e desce da pressão, os mistérios da doença, que atinge 25% dos brasileiros, continuam desafiando a ciência.
O que faz com que uma em cada quatro pessoas adultas seja hipertensa? E por que a idade não importa mais? Até onde é preciso se assustar com a hipertensão? De onde vem esse descontrole que faz contrair os vasos sanguíneos e aumentar a nossa pressão?
O mal traiçoeiro, que invade coração, rins e cérebro, é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% das insuficiências renais terminais. São números que deveriam servir de alerta.
Se nem na idade da inocência dá para se ver livre da hipertensão, é melhor não brincar, levar o risco a sério pode ser a melhor saída.
É essa mensagem que o analista de sistemas Gabriel Costa da Silva carrega e passa para frente na primeira oportunidade. Reunimos o ex-adolescente obeso, com o estudante Thiago Luiz Miranda, que ainda não dá muita importância à hipertensão. E as palavras são carregadas de sabedoria.
“Até os 27 anos, eu ainda tinha pressão alta, mas você ainda tem tempo. Não precisa chegar aos 27 anos. Faz exercícios, se alimenta bem. Você vai melhorar bem a sua saúde. Você vai ver que vai melhorar 100%,”, afirma Gabriel.
“A questão mais difícil para mim é quando saio com os meus amigos. Tem amigos meus que são hipertensos, mas, para falar a verdade, eles não devem saber que são”, conta Thiago.
“É difícil você não fazer parte do grupo, porque, se o grupo come a mesma coisa, o grupo vai para os mesmos lugares”, explica a médica de adolescentes Maria Cristina Kuschnir, da UERJ.
“Mas a vida é sua. A saúde é sua. É você que tem que tomar a iniciativa. Tomando a iniciativa, talvez seus amigos vejam que você está bem, está legal. Já é uma forma de você melhorar a vida dos outros também, de melhorar a sua e a dos outros, divulgar esse nosso trabalho também”, declara Gabriel.
Um encontro desses que pode fazer a diferença.
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