Em 2010 (de janeiro a maio), as duas fontes de despesa avançaram mais do que o IPCA em 4 dos 11 locais pesquisados. Mas, ainda assim, os reajustes continuaram salgados e só não bateram a inflação por conta da disparada dos alimentos, grupo que mais pesa no índice de preços.
De um lado, a oferta restrita de imóveis para locação, o maior poder de compra de inquilinos e a valorização dos imóveis nos grandes centros impulsionaram os aluguéis. Tal cenário fez com que os preços subissem 6,64%, em média, apesar da deflação do IGP-M em 2009 (-1,72%), índice que corrige a maior parte dos contratos de locação.
Do outro, o condomínio aumentou sob impacto da sofisticação dos serviços oferecidos pelos prédios novos (academia, piscina etc.). Também pesaram gastos com segurança, reajustes de empregados e despesas com contas de consumo --água e eletricidade também avançaram mais do que a inflação.
Em 2009, as maiores altas do aluguel ocorreram em Belo Horizonte (10,77%), Curitiba (9,97%) e Brasília (8,08%). No caso dos condomínios, a região metropolitana mineira liderou novamente (11,09%), seguida por Brasília (9,07%) e Rio (8,36%). Neste ano, o aluguel subiu mais em Brasília (6,42%); no condomínio, o maior avanço foi em Recife (4,9%).
Em São Paulo, o aluguel ficou 6,66% mais caro em 2009 e 1,59% mais caro de janeiro a maio de 2010. O condomínio aumentou 0,14% e 2,31%, respectivamente. O IPCA teve alta de 4,31% em 2009 e 3,09% em 2010.
Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IBGE, os aluguéis ficaram defasados por muitos anos e recuperam parte do atraso. No condomínio, avalia, o maior peso vem da mão de obra, inflacionada por reajustes reais do salário mínimo nos últimos anos.
No real (1995 a maio de 2010), aluguéis e condomínio subiram 274% e 254%, respectivamente, acima do IPCA médio de 206%. Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi (sindicato de empresas de habitação), afirma que muitos proprietários pedem reajuste maior após 30 meses, quando podem pedir devolução do imóvel.
Foi o que aconteceu com o empresário Marcelo Ferreira. "Estava havia quatro anos no imóvel. Com a especulação recente no mercado imobiliário do Rio por causa da Copa e da Olimpíada, o proprietário pediu reajuste de quase 40%. Achei um ultraje. Procurei outro apartamento e pago o mesmo que ele queria, mas num lugar melhor."
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