Às vésperas de entrar em vigor a integração dos serviços de cartões de pagamento nos estabelecimentos comerciais, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) do Ministério da Justiça investiga denúncias de pressão da Cielo sobre varejistas, afirmou nesta quinta-feira a secretária da pasta Ana Paula Martinez, que pretende intimar a empresa.

Ela recebeu denúncia de que a empresa estaria pressionando donos de postos de combustíveis a assinar contratos em branco e sem especificação de tarifas ou taxas de administração durante a vigência do contrato.

"Eles não podem aceitar imposição de Cielo ou Redecard falando para assinar contratos em branco, como temos denúncias nesse sentido", disse Martinez a jornalistas, após participar do seminário internacional sobre cartões de pagamento.

Martinez declarou que já recebeu quatro denúncias de varejistas do setor de combustíveis, mas não descarta a possibilidade de esse número ser maior. Os estabelecimentos de menor porte seriam os mais vulneráveis a esse tipo de pressão.

"Temos preocupação com pequenos supermercados e pequenos pontos de venda do país", declarou ela.

A SDE vai intimar as operadoras das máquinas Redecard e Cielo a prestar esclarecimentos sobre a denúncia de pressão.

"Estou falando com os nossos conselheiros para chamar a Cielo", declarou Martinez.

A partir de primeiro de julho, o lojista poderá receber os pagamentos de diversas bandeiras utilizando apenas uma maquina. Atualmente, o estabelecimento tem de ter uma máquina da Cielo para receber pagamentos da bandeira Visa e outra para as demais bandeiras.

Pressão

Segundo a representante da SDE, com a possibilidade de agora usar apenas um terminal, os lojistas não podem aceitar imposições das credenciadoras.

"Não pode aceitar pressão na negociação. Os dois tem que concorrer e esse preço tem baixar. O poder está com o lojista e ele tem se aproveitar desse momento de disputa", afirmou a secretária da SDE.

Procuradas, Cielo e Redecard não tinham representantes imediatamente disponíveis para comentar o assunto.