O ideal é no máximo mil habitantes para cada médico, mas tem cidade com 1,5 mil para cada profissional de medicina.
Novo estudo aponta falta de médicos no interior de Mato Grosso
De acordo com um estudo divulgado hoje pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Mato Grosso está entre os estados com falta de médicos nas cidades do interior, levando-se em consideração a proporção entre o número de habitantes e de profissionais de medicina. De acordo com a média nacional, no Brasil o número de médicos é ideal, mas eles estão concentrados nos grandes centros como as regiões Sul e Sudeste, e nas capitais do país deixando o interior com a falta de profissionais.
O estudo foi feito com base em alguns dados, entre eles o número da população dividida pelo número de médicos, que aponta: no Brasil a média é de um médico para cada 578 habitantes. A média considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de até um médico para cada mil habitantes. A média no país é boa e se aproxima dos países desenvolvidos, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) positivo, como Estados Unidos (média de 411), Dinamarca (341) e México (510).
Mato Grosso tem a pior média do Centro-Oeste
Mas quando o estudo se aprofunda um pouco mais e faz uma avaliação por estados e regiões, aí surgem as deficiências. No caso dos estados, alguns estão em situação muito complicada. É o caso do Amapá com um médico para cada 1.007 habitantes, o Pará com um médico para cada 1.203, o Acre com um para cada 973, entre outros com situação idêntica. O estudo é claro: a situação é mais grave nas regiões Norte e Nordeste. Nas cidade do interior dessas regiões, por exemplo, a situação é muito grave e chega a ser comparada a números de alguns países do continente africano, com média de um médico para cada grupo de 10 mil habitantes.
No Centro-Oeste, onde está localizado Mato Grosso, a avaliação regional aponta que os números estão dentro da média. Existe um médico para casa 511 habitantes, mas, Mato Grosso é o que tem a pior média, o menor número de médicos por habitantes na região.
O Estado tem um médico para cada grupo de 807 habitantes, isso levando-se em consideração profissionais que também atendem em outros Estados, aquele que possui a inscrição secundária (inscrito em um segundo CRM). Mas ao considerar apenas os médicos primários, aqueles que estão inscritos só no Conselho Regional de Medicina (CRM) de Mato Grosso, a média é pior, são 931 habitantes para cada médico, mas tudo dentro da média da OMS, de até mil profissionais de medicina para cada mil habitantes.
No Distrito Federal, por exemplo, esse número é de 263 habitantes por médico, a melhor média do Centro-Oeste, em Goiás são 609 habitantes e no Mato Grosso do Sul existe um médico para cada 615 habitantes.
Faltam mais médicos no interior
O estudo não trouxe números exatos de todas as cidades do país, mas aponta uma tendência. Avaliando as capitais, a situação é grave mesmo nas cidades do interior. Mato Grosso não foge a regra. Até o ano passado eram 3.146 médicos com inscrição primária no CRM em Mato Grosso, 1.597 trabalham na capital, 50% dos profissionais, enquanto que no interior, em 140 municípios, são 1.404 médicos, 44%.
Mas segundo números do CRM-MT divulgados hoje, há uma excessão quanto a concentração na capital de Mato Grosso. Não dá pra dizer com segurança que 50% estão na capital. É que parte desses médicos, inscritos na capital, na verdade atendem em Várzea Grande. Outros que moram e estão inscritos em Vázea Grande atendem em Cuiabá. Por isso, na prática, esse índice de 50% concentrado na capital cairia para um índice mais baixo. O que muda é que a concentração estaria nessas duas cidades. Mas o CRM afirma: no interior há falta de médicos e enquanto mais longe da capital pior é a situação.
Mesmo sendo um pouco diferente do CFM devido ao número de inscritos deste ano, CRM aponta 3.334 médicos ativos em Mato Grosso, sendo 1.674 em Cuiabá e Várzea Grande. No interior são 1.660 médicos ativos.
De acordo com o CRM, o interior aponta a mesma tendência nacional e alguns municípios têm em média um médico para 1.500 habitantes, abaixo do ideal. Com uma população de 782.665 habitantes, as cidades cidades de Várzea Grande e Cuiabá somadas têm uma média de um médico para cada 467 habitantes.
Já em Rondonópolis são 233 médicos para 181.902 habitantes, um médico para cada 780; Sinop tem 131 profissionais de medicina para 114.051 habitantes, média de um médico para cada 870; Barra do Garças tem 80 médicos para 104.120 moradores, uma para cada grupo de 1.031 moradores; Tangará tem 108 médicos e uma população de 81.960, um para cada 758; em Sorriso estão 83 médicos para 60.028 moradores, média de um para cada 723, e Cáceres 78 para 87.261 moradores, um médico par cada 1118 habitantes.
Açõs que podem levar mais médicos para o interior
O levantamento mostra que o número de profissionais aptos a atuar cresce em ritmo mais acelerado do que o da população, melhorando o número de médicos disponível. Ainda segundo o CFM, uma das deficiências da interiorização dos médicos é a falta de políticas públicas. Aumentar o número de médicos não garante esses profissionais no interior, já que muitos recorrem às capitais com mais estrutura para se especializar.
Outra sugestão para levar os médicos ao interior é criar uma política de interiorização eficaz, com a criação de uma carreira de Estado para os profissionais e a implantação de planos de cargos, carreiras e salários.
Também é fundamental que a estrutura e os recursos tecnológicos da saúde sejam aperfeiçoados, principalmente no interior dos estados. “Não dá para fazer medicina sem investimento. O médico precisa ao menos de uma estrutura básica para atender adequadamente a população”, ressaltou O 1º secretário do CFM, Desiré Carlos CallegariDesiré.
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