Célia Cury nega acusações e contradiz depoimentos
A advogada Célia Cury negou todas as acusações que pesam contra ela no inquérito da Operação Asafe - que investiga um esquema de corretagem de sentença em Mato Grosso - e contrariou as provas reunidas pela Polícia Federal, além dos depoimentos da dona de casa Ivone Reis de Siqueira, apontada como lobista do grupo, e do advogado Max Weyzer Mendonça de Oliveira, que confirma a existência de negociações de decisões no Poder Judiciário.
Em depoimento na Polícia Federal, no dia 18 de maio, Célia Cury negou conhecer Ivone e informou que sabe apenas de uma pessoa com este nome que “revende ou revendia confecções na casa dela, localizada atrás da rodoviária”. A informação contradiz a oitiva da lobista, que confirmou à PF ser amiga da advogada há mais de 20 anos.
Além disso, no inquérito da Asafe consta interceptações telefônicas entre Célia Cury e Ivone, em que ambas aparecem negociando contatos com magistrados para beneficiar determinados réus. Mesmo com os áudios, a advogada negou qualquer envolvimento no esquema de corretagem de sentenças.
Apesar de admitir conhecer o juiz Cirio Miotto e a esposa Rosa Maria Miotto há mais de 10 anos, Célia Cury negou qualquer interferência junto ao magistrado para beneficiar o réu Loris Dilda, acusado de matar o irmão. Além disso, a advogada não soube informar o depósito de R$ 600 feito por Antônio do Nascimento Afonso, o Toninho.
Segundo a advogada, ela conheceu Antônio em Alto Araguaia no período em residiu na cidade por aproximadamente dois anos. Ela explicou que Toninho solicitou verificar o andamento de um processo em que ele era parte e estava em trâmite no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
A princípio, Cury informou não ter verificado o processo e nem recebido qualquer vantagem econômica para isso, mas ao falar sobre o depósito, comentou que poderia ser referente à extração de cópias da ação.
Sobre a participação do genro Cláudio Manoel Camargo Junior no esquema, Célia Cury disse que não sabe se ele influenciava nas sentenças. Porém, admite que quando estava fora da cidade às vezes pedia favores ao empresário, dono de uma imobiliária em Cuiabá.
Sobre os motivos de utilizar códigos durantes conversas por telefone para passar número de processos, Célia apenas respondeu: “Porque sim”. Ela informou que não é sempre que usava deste tipo de artifício, sendo aleatório.
A PF questionou seu envolvimento com o desembargador Evandro Stábile, presidente afastado do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). Célia Cury disse ser “muito amiga” do magistrado e possuir o costume de reunir-se com ele para conversas sobre assuntos particulares.
A advogada negou que tenha tentado de alguma forma intervir junto ao desembargador em favor de ações eleitorais do ex-prefeito de Alto Paraguai, Alcenor Alves de Souza, e da esposa dele, Diane Alves. Sobre a presença de Bruno Alves, sobrinho da ex-prefeita, em sua residência, ela explicou que “todos os finais de semana há festas em sua residência, sendo frequentada por muitas pessoas, inclusive por desconhecidos trazidos a convite de amigos”.
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