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Saúde
Quinta - 17 de Junho de 2010 às 14:52

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O alerta da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o crescimento de 48% do consumo de antidepressivos no Brasil nos últimos quatro anos, chama a atenção para um problema desconhecido pela maior parte da população – os efeitos adversos dos medicamentos na visão.  Isso porque, o País hoje soma 17 milhões de pessoas com depressão, dos quais 11 milhões são mulheres, e por aqui os antidepressivos mais utilizados são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). Um recente estudo realizado na Universidade de British Columbia (Canadá) aponta que esta classe de antidepressivos pode aumentar em 15% o risco de surgir catarata por causa dos receptores de serotonina do cristalino.

A catarata é a maior causa de cegueira no mundo provocada pelo turvamento do cristalino, lente natural do olho responsável pelo foco das imagens. Apesar de o estudo não ser conclusivo, o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, acredita que a correlação entre antidepressivos e catarata faz sentido. “Há evidências de que alguns medicamentos têm ação tóxica sobre o cristalino. Este é o caso dos corticóides para doenças inflamatórias e dos beta bloqueadores para hipertensão arterial que comprovadamente induzem à catarata quando usados por mais de 1 e 5 anos respectivamente”, afirma. Infelizmente doenças como a depressão e a hipertensão arterial são crônicas e exigem uso contínuo de medicamentos. Por isso, a dica é passar por consulta com um oftalmologista periodicamente.

Catarata Subcapsular pode surgir a qualquer idade

Queiroz Neto explica que a catarata senil difere da estimulada por substâncias tóxicas. A senil geralmente surge a partir dos 65 anos, é do tipo nuclear e tem como único tratamento o implante de uma lente que substitui o cristalino opaco, preservando sua cápsula posterior.

Já a catarata induzida pela toxidade dos medicamentos pode surgir a qualquer idade e é do tipo subcapsular, ou seja, atinge a camada posterior do cristalino. Por ser a área do cristalino onde ocorre a refração da luz, o médico diz que este tipo de catarata causa uma diminuição importante da visão, principalmente nos ambientes bem iluminados. O tratamento é feito através do implante de lente intraocular, podendo ser necessário um segundo procedimento em que é feita  a aplicação de laser através de uma abertura na cápsula posterior.

Risco da combinação de medicamentos é maior

O uso de beta-bloqueadores para controlar a hipertensão arterial aumenta predispõe à depressão. Por isso, é comum o emprego simultâneo de remédios para combater cada uma das doenças. A combinação dos dois medicamentos aumenta para 45% o risco de surgir catarata subcapsular porque os beta-bloqueadores representam predisposição 30% maior de opacificação do cristalino , alerta Queiroz Neto. “Para a mulher o perigo é ainda maior. Isso porque, as flutuações hormonais femininas facilitam a formação de radicais livres que esgotam nutrientes essenciais para visão e aceleram o envelhecimento dos olhos”, afirma. Para combater este efeito, ele recomenda o consumo de alimentos ricos em luteína que filtra a luz azul, responsável pela oxidação do cristalino. As principais fontes naturais de luteína são: folhas verdes escuro (espinafre, brócolis), gema de ovo e ervilha.

Outras doenças oculares induzidas por medicamentos

O especialista diz que além da catarata outras doenças podem ser contraídas pelo uso de medicamentos. As principais são:
 

Princípio ativo

Doença que combate

Riscos

Sildenafil (Viagra)

Disfunção erétil

Neuropatia óptica isquêmica (diminuição da circulação de sangue nos olhos) em pacientes portadores de doenças vasculares.

Anticoagulante e Antiagregante plaquetário (Aspirina)

Resfriado, coronariopatia, hipercolesterolemia e pós-cirurgia cardíaca

Hemorragia subconjuntival (mais freqüente) ou interna.

Difosfato de cloroquina

Reumatismo, principalmente em mulheres

Perda da visão central e, no longo prazo, cegueira central irreversível.

Clorpromazina

Calmante

Pode provocar glaucoma de ângulo fechado, pigmentação nas pálpebras.

Isotretinoina  (Roacutan)

Acne

Síndrome do olho seco severa, podendo ocorrer descamações

de todas as mucosas e conjuntivas.

 

Amiodarona

Cardiopatias, principalmente hipertensão arterial

Neuropatia óptica e depósitos na córnea

Loratadina

Antialérgico muito usado no inverno

Visão embaçada,  síndrome do olho seco,  úlcera na córnea

Penicilina e outros antibióticos

Gripe e infecções

Uso indiscriminado reduz a resistência e predispõe à conjuntivite viral e bacteriana.

Estrogênio

Anticoncepção e TRH (terapia de reposição hormonal).

Síndrome do olho seco

Todos estes tratamentos devem ser feitos com o acompanhamento de um oftalmologista.






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