O pescador foi preso na terça-feira (8) por manter a filha em cárcere privado em uma casa de dois cômodos em um povoado de Extremo, em Pinheiro, onde só é possível chegar usando canoas. O caso foi descoberto após denúncia anônima feita durante uma passeata contra a pedofilia, na capital maranhense, no fim de maio deste ano.
"Ele vai responder pelos crimes de estupro de vulnerável, abandono material, abandono intelectual, maus-tratos e cárcere privado. Ouvimos mais de 20 pessoas, entre o próprio suspeito, os familiares, as vítimas e moradores da região", disse a delegada.
De acordo com a investigação, o pescador estuprou uma das duas "filhas-netas". A vítima, de 5 anos e 8 meses, teve rompimento parcial do hímen, laceração da mucosa genital e apresenta discreto sangramento, segundo laudo pericial. Outra "filha-neta" examinada, de 8 anos, teria dito à polícia que sofreu abuso sexual, mas o laudo não revelou lesões no corpo dela. Em depoimento à polícia, o pescador nega os crimes.
Laura afirmou que ainda pretende ouvir o depoimento da primeira mulher do pescador. "Ela é a mãe da jovem com quem o pescador teve os sete filhos". Durante a investigação, uma outra filha dele prestou depoimento à polícia e afirmou que o pai a estuprou seguidas vezes quando era menor de idade. A violência sexual, ainda segundo informações da Polícia Civil, teria resultado na gravidez dela. O filho em questão, hoje, é adolescente e também foi ouvido no inquérito. "Ele chama o avô de pai", disse a delegada.
Relação familiar
O relatório da Polícia Civil pede a realização de exames de DNA para todos os envolvidos no caso. "Isso só poderá ser feito no âmbito da Justiça, quando o caso estiver nas mãos do Ministério Público. Eu pedi rapidez na conclusão desses laudos por parte da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão", disse Laura.
Segundo Marilza Moreira, assistente social do Ministério Público de Pinheiro, a família está recebendo acompanhamento psicológico desde que chegaram do povoado de Extremo, onde viviam. Para José Ribamar Brito, conselheiro tutelar que participou da operação de retirada das crianças e da mãe de Extremo, o futuro da família ainda é incerto. "Eles não devem voltar para o local onde moravam, mas ao mesmo tempo, a mãe das crianças é analfabeta, não tem profissão e recebe apenas R$ 62 do Bolsa Família para cuidar da família."
Marilza disse que a prioridade da promotoria da Infância e da Juventude é prestar o máximo de apoio para a família neste momento de transição. "A questão da guarda das crianças ainda não está em debate. Acho que seria pior para as crianças que elas se afastassem da mãe. Elas já estão tendo dificuldades para entender o que está acontecendo agora, se foram separadas da mãe, perderão toda a referência familiar que ainda têm."
"Pai-avô"
A mãe das sete crianças disse ao G1 que os filhos chamam o pai de avô. Ela descreveu a relação de seus filhos com o pescador como sendo de netos. "Eu o chamo de pai", disse a jovem. Segundo Marilza Moreira, assistente social do Ministério Público de Pinheiro, as crianças não reconhecem o pescador como pai. "Elas dizem que ele é o avô delas."
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