O principal suspeito de assassinar a advogada Mércia Nakashima, 28, deverá se reunir nos próximos dias com representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para afirmar que ela recebia ameaças de clientes e pedir que o órgão ajude a apurar o caso com isenção.

A vítima ficou 19 dias desaparecida até ter seu corpo localizado na represa de Nazaré Paulista (64 km de SP), no último dia 11. Tido pela polícia como único suspeito até o momento, o ex-namorado da jovem, o advogado e policial militar aposentado Mizael Batista de Souza, 40, diz ser inocente.

Para Márcio Nakashima, irmão da vítima, a tese que Souza está tentando apresentar é infundada. "Ela nunca recebeu nenhuma ameaça de clientes. Se tivesse recebido, diria para a família", afirmou.

 

Divulgação/Álbum de Família
A advogada Mércia Nakashima, que foi encontrada morta na represa de Nazaré Paulista Foto; Álbum de Família
A advogada Mércia Nakashima, que foi encontrada morta na represa de Nazaré Paulista Foto; Álbum de Família




Na segunda (14), um comerciante que pescava na represa de Nazaré Paulista no dia do desaparecimento da advogada (23 de maio), relatou à polícia que viu o carro dela ser jogado na lagoa por volta das 19h30. Ou seja, uma hora depois que Mércia deixou a casa da avó, onde estava com familiares.

Essa testemunha diz ter ouvido dois gritos antes e visto uma pessoa descer do carro pelo lado do motorista antes de o veículo boiar por cerca de três minutos na represa. Apesar de ter presenciado o crime à distância, o comerciante só ligou para o disque denúncia no dia 29 de maio.

A partir das informações do comerciante, segundo o delegado Antonio de Olim, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), a polícia concluiu que ela foi morta no mesmo dia do desaparecimento.

"Sem querer fazer trocadilho barato, isso está parecendo história de pescador. Só a perícia vai dizer o dia e a hora que a Mércia morreu", disse o advogado Samir Haddad Júnior, que defende Souza.

Perícia

O perito Renato Pattoli, do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo, disse nesta terça-feira que as provas do carro da advogada devem ser colhidas aos poucos para que nenhum vestígio seja perdido.

"O exame pericial deve ser realizado devagar. Não sou eu quem determino o ritmo da perícia, dependo dos resultados do laboratório", afirmou.

De acordo com Pattoli, as decisões de novas vistorias dependem do resultado dos exames nos laboratórios. "Pode ser que a gente volte diversas vezes, não porque o trabalho tenha sido mal feito, mas sim por causa de necessidades específicas que são reveladas aos poucos".