Após sinalizar por diversas vezes que irá vetar o reajuste de 7,7% aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo, aprovado pelo Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar nesta terça-feira sua decisão sobre o assunto.

Ontem, ele disse que não vai se deixar levar por "qualquer extravagância". "Não pensem que eu me deixarei seduzir por qualquer extravagância que alguém queira fazer por conta do processo eleitoral. Minha cabeça não funciona assim. A eleição é uma coisa passageira e o Brasil não jogará fora no século 21 as oportunidades que jogou fora no século 20."

Lula só vai anunciar sua posição sobre o assunto após reunião com o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas. No entanto, disse ontem que a decisão já estava tomada e destacou que não quer estragar a relação que tem com os aposentados.

Segundo Lula, o Brasil vive um momento bom e ele não vai estragá-lo. "Eu acho que esse momento é muito bom e eu não vou estragar. Todo mundo sabe o carinho que eu tenho pelos aposentados brasileiros. Eu vou fazer aquilo que eu achar que é melhor para o Brasil, para os aposentados. Eu não vou estragar minha relação com os aposentados, não vou estragar minha relação com ninguém", disse.

Em maio, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou que se houver veto presidencial ao reajuste, os aposentados deverão receber um abono de 6,14% em 2010.

Apesar do superavit primário de R$ 19,8 bilhões em abril, o segundo melhor da história para o mês, os ministros da área econômica reafirmaram que o governo não possui recursos para conceder 7,7% de reajuste aos aposentados.

Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), o desempenho da economia para o pagamento dos juros é apenas suficiente para que o esforço fiscal alcance a meta para este ano, de 3,3% do PIB (soma dos bens e serviços produzidos pelo país).

"Não está sobrando dinheiro. Nós temos que ser cautelosos com as despesas, então não dá para conceder benefícios adicionais àqueles que já estão estabelecidos", afirmou Mantega.

Segundo ele, além de evitar o aumento no rombo da Previdência, uma decisão de Lula para vetar o reajuste de 7,7% para aposentados que ganham mais de um salário mínimo também ajudaria no esforço do governo em impedir que a economia cresça acima de sua capacidade.