A pesquisa foi realizada em 147 escolas, na sua maioria da rede municipal, mas também inclui conveniadas e particulares. O estudo de campo foi feito no segundo semestre de 2009 em Belém, Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza, Rio de Janeiro e Teresina. Os dados foram apresentados em seminário em São Paulo, que ocorre entre esta segunda-feira (14) e a terça-feira (15).
Maria Malta Campos, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (Foto: Fernanda Nogueira/G1)
De acordo com o estudo, 37,4% das creches têm qualidade básica, com nota de 3 a 5, 12,1% têm nível adequado, com nota de 5 a 7, e apenas 1,1% têm nível bom, com nota de 7 a 8,5. No caso da pré-escola, 42% das escolas mostraram nível básico de qualidade, com nota de 3 a 5, 23,9% têm nível adequado, com nota 5 a 7, e 3,6% têm nível bom, com nota de 7 a 8,5.
A média geral de notas dadas para a qualidade das creches, em uma escala de 0 a 10, foi de 3,3. As sub-escalas de avaliação incluíam espaço e mobiliário, rotinas de cuidado especial, falar e compreender, atividades, interação, estrutura do programa e pais e equipe.
Secretária da Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Almeida da Silva (Foto: Fernanda Nogueira/G1)
O pior quesito de qualidade foi a parte de atividades, com nota 2,2. Incluem-se nesse item questões como música e movimento e natureza e ciências, que são quase inexistentes nas creches. “Há poucas atividades. As crianças passam longos períodos ociosas”, afirmou a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria Malta Campos.
O ponto forte foi a interação, com nota 5,7. “Está relacionado à supervisão do trabalho e à segurança da criança”, disse a pesquisadora Eliana Bhering, da Fundação Carlos Chagas. O estudo foi coordenado pela pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Maria Clotilde Rossetti-Ferreira.
Na pré-escola, a nota média foi de 3,4, com resultado parecido para atividades, com nota 2,3 e para interação, com 5,6.
Segundo Maria Malta, os resultados mostram a necessidade de trabalho para melhorar a qualidade. “Existem vários fatores a serem considerados, principalmente a formação dos professores”, afirmou. Menos de 5% do conteúdo dos cursos de pedagogia fala sobre a educação infantil, de acordo com Maria Malta.
A secretária da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, disse que o governo federal sabe que grande parte dos profissionais que trabalham com educação infantil não tem ensino fundamental. “Estamos investindo na formação desses profissionais. Até o final de 2011, teremos 23 mil formados no ensino médio”, disse.
Para a professora da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Sharon Lynn Kagan, que comentou os dados da pesquisa no seminário, entre itens essenciais para a melhoria da qualidade, como financiamento, engajamento dos pais e ligações da escola com a área da saúde, está o desenvolvimento dos profissionais. “As pessoas precisam ser bem treinadas”, disse.
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