Zé do Pátio teve apoio de cerca de 80% dos servidores, que reivindicam 16% de reajuste salarial, enquanto o peemedebista propos 2%
Vídeo expõe contradição de Pátio; servidores continuam em greve em Roo

O prefeito de Rondonópolis Zé do Pátio (PMDB) está passando apurado com os servidores públicos por fazer promessas de reajuste salarial no decorrer da campanha de 2008 e agora não cumprí-las, levando a categoria a decretar greve geral. Quase todos profissionais da educação estão com braços cruzados desde 31 de maio. O presidente do Sispmur, categoria que representa os 5,3 mil servidores do município e responsáveis por uma folha mensal de R$ 9,5 milhões, sindicalista Rubens de Oliveira Paulo, se mostra frustrado com a contraproposta apresentada pelo prefeito. Sobre uma reivindicação de 16% de ganho real, inclusive com a abertura para divisão desse aumento entre 8% para este ano e os outros 8% para o exercício de 2011, Pátio só concedeu 2% de reposição. Alegou que esse percentual foi decidido junto com a equipe econômico, após realizar estudos de viabilidade. A contraposta revoltou a categoria.

O Sispmur gravou em vídeo duas assembleias em que Pátio participou como espécie de protagonista, uma em 2 de setembro de 2008, no Canadá Country Clube, ainda na condição de candidato a prefeito e a um mês das eleições e, a outra, em 22 de abril deste ano, com o peemedebista no cargo de chefe do Executivo municipal.

No primeiro encontro com a categoria, Pátio destacou que, se eleito, iria realizar uma administração sustentada em quatro eixos: moderna, mais responsável, prioridade em saúde, educação e qualidade de vida do cidadão e, por fim, uma Rondonópolis mais democrática. Lembrou na época que não teria cabimento o município ostentar o ranking de segunda maior economia e figurar em 15º lugar em qualidade de vida do Estado. Prometeu que iria conduzir a administração com participação decisiva dos servidores, com fortalecimento dos conselhos e correção de salários. "Vocês sabem do carinho que eu tenho para com os servidores públicos", declarou Pátio, na época, ao apresentar histórico de sua atuação como vereador, secretário de Obras e deputado estadual.

O então candidato afirmou também que iria discutir orçamento de forma transparente. Lembrou naquela reunião que em 2006, a prefeitura, então sob Adilton Sachetti, havia comprometido 45% da receita corrente líquida com a educação, e que o percentual havia caído para 37% em 2007 e para aquele exercício de 2008 seria menor ainda. Destacou que a Constituição estabelece que é possível gastar até 51% e que havia folga para aumentar salário dos servidores porque a Lei de Responsabilidade Fiscal define o teto em até 54% das receitas com folha de pessoal. Enfatizou também que, "como não havia inflação e a arrecadação estava crescendo, seria possível promover reposição salarial".

Já no encontro com a categoria em 22 de abril deste ano, o já prefeito, mais cauteloso, disse que se reuniu com sua equipe econômica e que só seria possível conceder aumento de 2%. Estavam presentes sindicalistas, vereadores e assessores de Pátio. Após dar o recado, o prefeito, um tanto acuado, se levantou, bateu na mesa e disse, para fim de conversa: "eu tinha que passar essa informação, tá bom!".

Críticas

Rubens de Oliveira disse que o prefeito deveria reconhecer que "as reivindicações são justas" e que cerca de 80% votaram nele apostando nas promessas de campanha. Considera que Pátio traiu a categoria. "O prefeito parece menino birrento. Ou você faz o que ele quer ou não tem acordo". O sindicalista destaca que a categoria ganhou respaldo da Câmara Municipal que, por 9 a 2, inclusive com votos favoráveis dos vereadores governistas e peemedebistas Mariúva Valentin e Adonias Fernandes, trancou a pauta já por duas sessões, condicionando só abrí-la após o prefeito atender a reivindicação dos servidores.

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Confira no vídeo o que prometeu Pátio enquanto candidato e o que ofereceu de reajuste depois de virar prefeito