O Sudão precisa aliviar uma proibição não declarada oficialmente de voos para áreas remotas do Estado de Darfur do Sul para permitir que entidades assistenciais alcancem zonas atingidas pelo ressurgimento da violência, disse neste sábado a comissária da União Europeia para ajuda humanitária.

Grupos assistencialistas disseram esta semana que forças de segurança sudanesas bloquearam voos para Darfur, impedindo o trabalho das equipes e interrompendo a entrega de alimentos.

A região de Darfur, na maior parte desértica, vive há sete anos um conflito iniciado quando rebeldes, na maioria não-árabes, pegaram em armas contra o governo sudanês, exigindo mais autonomia para a área.

As entidades de ajuda organizaram a maior operação humanitária do mundo para suprir centenas de milhares de pessoas forçadas a deixar suas casas pela rebelião e uma feroz operação de contra-insurgência promovida pelas tropas governamentais e aliados, na maioria milícias, árabes.

Depois de uma visita de quatro dias ao Sudão, a comissária europeia para Cooperação Internacional, Ajuda Humanitária e Resposta a Crises, Kristalina Georgieva, disse à Reuters que pessoal encarregado da ajuda informou que as autoridades sudanesas rejeitaram 26 dos mais de 30 pedidos recentes de viagens rodoviárias para o Estado de Darfur do Sul.

"Estamos pedindo ao governo que permita o acesso à Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias que são cruciais para se chegar às áreas mais remotas", disse ela por telefone, falando de Campala, em Uganda. "Um em cada cinco ou um em cada seis dos pedidos é autorizado. Eles têm de fazer com que o acesso seja a norma e não a exceção."

Ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto no Ministério de Assuntos Humanitários do Sudão ou no governo de Darfur do Sul.

A violência irrompeu com força depois que o os rebeldes do Movimento por Justiça e Igualdade em Darfur suspenderam sua participação em negociações de paz em maio. Dados da ONU mostram que mais de 600 pessoas morreram em confrontos envolvendo rebeldes e tribos em maio, a maioria no centro e sul de Darfur, o que tornou esse mês o mais sangrento num período de mais de dois anos.

"O fato é que a insegurança está pior e aumentou a população nos acampamentos porque mais gente está abandonando áreas mais perigosas. Não se deve esquecer de Darfur", disse Georgieva.