A economia latino-americana, que em 2009 sofreu contração de 1,7%, crescerá 5,3% no segundo trimestre deste ano, mas na segunda metade o ritmo será moderado (4,4%) e o resultado final de 2010 será de um crescimento de 4,8%, com o Brasil e Venezuela nos dois extremos da tabela.

Esta é a previsão da empresa de consultoria FocusEconomics no último relatório de perspectivas para a região latino-americana de sua divisão Consensus Forecast.

Os economistas desta empresa, fundada em 1999, que em maio tinham previsto um crescimento de 4,6% no PIB (Produto Interno Bruto) regional, elevaram o percentual para 4,8% em junho, pelo 13º mês consecutivo em que o corrigem em alta.

A previsão para 2011 é de um crescimento econômico regional de 4%.

Quanto à inflação, mantêm a previsão de 7% para este ano e 6,6% para o próximo.

Por países, em seis dos 11 estudados (Argentina, Brasil, México, Paraguai, Peru e Uruguai) as perspectivas de crescimento melhoraram em junho, em dois recuaram (Chile e Venezuela) e em três se mantiveram estáveis (Bolívia, Colômbia e Equador).

A economia do Brasil, seguida de perto pelo Peru, é a que mais crescerá em 2010, e a da Venezuela é a única que recuará entre os 11 países estudados, diz o estudo.

Venezuela, segundo Consensus Forecast, terá uma contração econômica de 2,6% em 2010 e crescerá 1,1% em 2011.

Quanto à inflação, a situação também não está bem para a Venezuela: os analistas preveem que termine o ano em 33,9%, depois do aumento em junho de 1,3 pontos em sua previsão com relação a maio.

"As medidas adicionais anunciadas pelo governo de Hugo Chávez para tomar o controle do mercado paralelo de divisas complicaram mais ainda o panorama", assinala o estudo.

Em comparação com o mês passado, as previsões de inflação subiram em cinco países (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela), desceram em dois (Colômbia e México) e se mantiveram como estavam em quatro (Bolívia, Chile, Equador e Peru).

O Brasil, que segundo a análise crescerá 6,5% este ano, o maior percentual dos 11 países, o que preocupa é a inflação. As previsões aumentaram 0,9 pontos em quatro meses e agora se estima que fechará o ano em 5,4%.

Se estima que a economia peruana crescerá 5,7% no ano. A previsão de inflação para 2010 é de 2,4%.

No terceiro posto está a Argentina, com um crescimento esperado para este ano de 5%. Quanto à inflação, a previsão é de 11%, baseado nos dados oficiais, mas Consensus Forecast precisa que a estatística extraoficial "mais realista" aponta a 24,4%, só superado pela Venezuela.

Para o México, a previsão é de crescimento de 4,1% em 2010, após uma expansão de 4,3% no primeiro trimestre, a primeira desde o terceiro trimestre de 2008, "quando a economia mexicana entrou em sua pior recessão em décadas".

A previsão de inflação para o México foi revisada para baixo este mês e hoje se situa em 5,1%.

No Chile, os analistas esperam crescimento de 4,4% para 2010, inferior ao previsto em maio, e de 5,6% para 2011. A inflação se acelerou desde abril e espera-se que o fechamento seja de 3,5%.

"Apesar dos devastadores efeitos do terremoto de fevereiro, a economia chilena manteve sua expansão no primeiro trimestre, embora em um ritmo frágil (1%). No entanto, é provável que volte a taxas de crescimento mais saudáveis na medida em que os esforços de reconstrução se transformem em um fator de impulso adicional".

Para a Colômbia, a perspectiva é de estabilidade. Ajudada pelo sólido subida da produção industrial, a economia crescerá 2,8% este ano e 3,9% em 2011. A inflação de 2010 espera-se que seja do 3,5%.

Os analistas de Consensus Forecast elevaram sua previsão de crescimento para a Bolívia ao 3,8% para este ano, com uma inflação de 4% (4,3% para 2011) e projetam crescimento de 3,7%.

Um aumento de 1,7% e uma inflação de 4,3% é o esperado para o Equador em 2010. Para o ano seguinte, os percentuais são de 2,3% e 4,2%, respectivamente.

Do Paraguai se destaca o aumento de 13,7% registrado na atividade econômica durante o primeiro trimestre.

Quanto à inflação, Consensus Forecast espera que chegue a 4,9% este ano, contra 1,9% de 2009.

Finalmente, no relacionado ao Uruguai consideram que terá 4,6% de crescimento em 2010, inferior à projeção do Governo. Para 2011, a meta é de 4%. A pressão da inflação persiste e ao terminar o ano deverá ficar em 6,5%.