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Sexta - 11 de Junho de 2010 às 07:49
Por: Jean Campos

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A Operação foi deflagrada por ordem do Superior Tribunal de Justiça
A Operação foi deflagrada por ordem do Superior Tribunal de Justiça

Depoimento prestado por Maisa Izabel Saddi Ornellas à Polícia Federal reforça as declarações da dona-de-casa Ivone Reis de Siqueira sobre a existência de negociação de sentenças no Poder Judiciário mato-grossense.

Segundo o depoimento de Maisa, que é filha do atual corregedor-geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ), desembargador Manoel Ornellas, Ivone lhe “ofereceu cerca de dez ou vinte mil reais para que confeccionasse decisões em determinado sentido”. Disse ainda acreditar que “Ivone visava favorecer clientes da advogada Célia Cury”.

A declaração complica a situação da advogada, esposa do desembargador aposentado José Tadeu Cury. Célia disse em seu depoimento não conhecer Ivone.

Conforme revelou o Diário, que teve acesso a depoimentos do inquérito, a dona-de-casa admitiu à PF que intermediou venda de sentença. Ao lado de Célia, ela é citada no inquérito sigiloso que tramita no STJ, como figura central no suposto esquema. Ambas chegaram a ser presas, mas já estão em liberdade.

A oitiva com Maisa Ornellas foi realizada no dia 18 de maio, data da deflagração da operação Asafe. Apesar das investidas, ela negou reiteradas vezes que cedia às solicitações de Ivone.

Em outro momento do depoimento, em que foi apresentada uma das ligações interceptadas, Maisa respondeu que não se recordava do teor da conversa, contudo disse que “deveria ser uma peça/petição relativa ao advogado Zaid Arbid, o qual é advogado de João Arcanjo Ribeiro”. Segundo ela, “Ivone queria que fosse proferida decisão favorável em HC de João Arcanjo”. O advogado Zaid Arbid contesta o teor do depoimento e encaminhou ao STJ pedido de acareação da citação de seu nome e de seu cliente.

Ela admitiu que passava orientações dos ritos processuais e dos pedidos a serem feitos nas ações, todavia ponderou que “nada era cobrado pelas orientações”. Argumentou também que por receber aproximadamente R$ 15 mil por mês, “um bom salário”, não precisava “ceder a tais pedidos”.

Conforme enfatizou Maisa, seu pai (Manoel Ornellas) “não tinha conhecimento de que Ivone fazia tais solicitações de direcionamento de decisões judiciais e nem que já lhe oferecera dinheiro para tanto”.

Ressaltou ainda que “nunca recebeu nenhum valor ou vantagem de Ivone nem de qualquer outra pessoa” e que, pela própria criação, “não tem liberdade com seu pai para oferecer dinheiro ou qualquer outra vantagem”.

Em depoimento prestado no mesmo dia, Ivone Reis Siqueira confirmou que levou diversos processos a Maísa Ornellas para “possível acerto de decisão”. “(...) entretanto, nenhuma dessas negociações deu certo”, disse Ivone na oitiva.

A advogada Célia Cury deve se pronunciar na próxima semana. O desembargador Manoel Ornellas e sua filha Maisa não foram localizados pela reportagem para comentar o teor das investigações e depoimentos.






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