PF investiga Stábile por nepotismo e tráfico de influência

Além de envolvimento num suposto esquema com quadrilha de venda de sentenças no Judiciário, o presidente licenciado do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Evandro Stábile, também é acusado, no inquérito da operação Asafe, de nepotismo. As escutas revelam Stábile pedindo ao juiz Yale Sabo Mendes um emprego para sua filha, Ana Carolina Stábile, no gabinete do magistrado.

No diálogo, Stábile diz a Yale que a filha é estudante do curso de Direito, estaria trabalhando na secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública, no setor de contratos e licitações, mas que estava insatisfeita com a função administrativa.

“Em demonstração clara de influência e de uso de nepotismo, Evandro procura por Evandro Stábile, que estaria trabalhando na Sejusp, para reclamar do emprego que foi conseguido para a filha”, diz trecho do relatório da Polícia Federal.

Cerca de uma semana após o primeiro contato dos magistrados, o juiz Yale liga para Stábile e diz que está “tudo certo para Ana Carolina e que ela seria recebida para escolher o local em que queria ser lotada”. Evandro Stábile, no entanto, afirma que gostaria que a filha trabalhasse no gabinete de Yale. O juiz responde que iria conseguir, mas desde que a contratação não fosse efetuada de forma oficial.

O inquérito mostra as articulações de Stábile nas eleições para escolha de desembargador do TRE. A intenção seria ampliar o grupo de aliados, o que facilitaria a manipulação de decisões judiciais.

“Nesse contexto, depreende-se um jogo político para eleição de determinado advogados dentro do Pleno do TRE, pois, dessa forma, as decisões favoráveis a seu grupo seriam mais fáceis, pois contaria posteriormente com eventuais votos em decisões de liminares e sentenças”, revela parte da investigação.

Stábile também é apontado em vários processos negociados pela esposa do desembargador José Tadeu Cury, advogada Célia Cury, tida como o centro da organização criminosa, juntamente com a lobista Ivone Reis Siqueira.

Outro lado

O juiz Yale Mendes admitiu que Stábile pediu emprego para a filha, mas que ele não atendeu à solicitação. "Não atendi ao pedido, até porque não tinha cargos para oferecer. Não tenho nada a ver com essa história", declarou Yale Mendes.