Em seu primeiro discurso como candidata oficial à presidente da República, Marina Silva (PV), minimizou o fato de seu partido não ter alianças com outras legendas na disputa. O discurso foi feito nesta quinta-feira (10) na convenção que oficializou seu nome, em Brasília. "Espero que no dia 1º de janeiro do ano que vem a gente possa ter a primeira mulher negra presidente do Brasil”, afirmou.
A pré-candidata à Presidência, Marina Silva (PV) (Foto: G1)
“Algumas pessoas têm cobrado que nós não temos políticas de aliança pensando no velho cálculo pragmático: quem tem mais palanque, mais recurso, quem tem mais voto porque se sente dono dos votos. (...) Não temos esse tipo de aliança, queremos fazer alianças com núcleos vivos da sociedade”, afirmou a candidata.
Marina abriu o discurso fazendo elogios aos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela destacou a estabilidade econômica e a retirada de 25 milhões de pessoas da linha de pobreza.
No caso de Lula, a referência foi direta. “A redução da pobreza, foram 25 milhões de pessoas que saíram, não é pouca coisa. Não preciso, porque sou candidata por outro partido, outra articulação, negar este feito essa conquista do operário Luiz Inácio Lula da Silva.”
Apesar dos elogios aos ex-presidentes, o discurso de Marina trouxe também críticas na questão ambiental. Ela destacou o desmatamento, a discussão do código florestal na Câmara e o aumento da ocorrência de tragédias, como as chuvas que atingiram Santa Catarina e Rio de Janeiro nos últimos anos.
“Em 2007 foram 2,5 milhões de pessoas afetadas pela chuva. Em 2009 foram 5,5 milhões de pessoas. Dá para tratar isso de "problema natural"? Não, é falta de planejamento”, afirmou a candidata.
Marina destacou que é preciso analisar o passado para pensar em projetos para o futuro. “É preciso olhar para trás e para frente ao mesmo tempo. Para trás, para aprender com os erros e manter as conquistas, e para frente para não repetir erros e buscar o que precisa ser conquistado.”
A candidata voltou a defender seu conceito de economia de baixo carbono, com a redução das emissões de CO2. Classificou a educação como “alavancadora” da economia e defendeu que os programas sociais devem focar a partir de agora a “igualdade de oportunidades”.
No meio do discurso, a candidata não esqueceu de sua origem política, o PT. Ela destacou o fato de seus aliados históricos Jorge e Tião Viana estarem nesta quinta no Acre lançando a campanha petista no estado. “Estamos só momentaneamente separados”, disse.
Vice-presidente
Antes do discurso de Marina, o candidato a vice-presidente pelo PV, Guilherme Leal, criticou o loteamento de cargos públicos e a corrupção na política. "Por que o Brasil precisa de Marina? Porque a lógica da política que prevalece no país está ancorada em lotear, distribuir espaços de poder ente forças econômicas e políticas, porque a força econômica governa a política e a atual forma de fazer política afastou política e o cidadão", afirmou. "Os escândalos de corrupção permeiam espaços da política nacional, por isso nós precisamos de Marina presidente.”
Leal foi precedido em sua fala pelo deputado federal e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (PV-RJ), que disse que "os sonhos foram frustrados" com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Falando na convenção, Gabeira declarou apoio a Marina e criticou, de forma indireta, o presidente.
“Vindo para cá passei pelo Palácio do Planalto. Há anos lutávamos para colocar nosso grupo dirigindo o país. E conseguimos. Há oito anos que estão aí dirigindo o país, mas nossos sonhos foram frustrados. Então vamos de novo colocar outro grupo no Palácio do Planalto. Vamos ver se agora a situação melhora”, afirmou Gabeira.
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