A decisão do Banco Central de elevar a Selic de 9,50% para 10,25% ao ano foi duramente criticada pelas centrais sindicais, que, entre outras coisas, a chamaram de uma balde de água fria na economia e de uma política assistencialista para banqueiros.

"A decisão equivocada é um balde de água fria na aquecida economia brasileira, que demonstrou recentemente, através do PIB [Produto Interno Bruto] uma imensa capacidade para o crescimento com geração de emprego e renda. Os tecnocratas do Banco Central torcem contra o crescimento econômico do Brasil", declarou o presidente em exercício da Força Sindical, Miguel Torres.

"Desestimular os investimentos produtivos e prejudicar fortemente as contas públicas. Foi isso que o Conselho de Política Monetária fez nesta quarta-feira. Mereceriam elogios por causa disso? De nossa parte, certamente não. Trata-se claramente de uma política assistencialista para banqueiros", acrescentou o presidente da CUT, Artur Henrique.

Torres afirmou ainda que "é frustrante, neste momento auspicioso da nossa economia, presenciarmos o Banco Central tomar medidas nefastas como esta, com o intuito de frear a produção e o consumo, e bajular os eventuais especuladores. Aliás, estamos virando um paraíso para os especuladores."

Já Henrique acrescentou que existe uma forte pressão por parte do setor financeiro e seus representantes para que esse ciclo de aumento da taxa básica de juros permaneça. "Pelos cálculos do economista Amir Khair, se a taxa chegar a 11,75% até o final deste ano, o Brasil gastará a mais com a rolagem da dívida o equivalente a R$ 13 bilhões", declara.

Segundo a CUT, contra a decisão do BC há ainda outro fato: "IPCA de maio em queda [a inflação oficial desacelerou para 0,43%], o que indica inflação domesticada".

"Quanto ao bem-vindo PIB do primeiro trimestre deste ano, antes que seja usado como argumento a favor da decisão de hoje, devemos lembrar que no ano passado, base de comparação, houve recuo no crescimento. Por causa, inclusive, a essa política assistencialista para banqueiros", acrescenta o presidente da CUT.