O deputado Valtenir Pereira, que prioriza sua reeleição, transfere decisão para a militância na convenção do PSB; Mauro Mendes, que não tem apoio da maioria, será fritado; sigla deve fechar com Silval
Valtenir leva para convenção futuro de Mendes; PSB deve apoiar Silval
O presidente regional do PSB, deputado Valtenir Pereira, encontrou uma estratégia "democrática" para, com apoio dos filiados, "derrubar" o projeto de candidatura própria de Mauro Mendes. Vai empurrar para o dia da convenção, que deve ocorrer na última semana deste mês, o destino político do empresário. Caberá a militância da legenda socialista decidir se lança Mendes ao Paiaguás ou se coliga com o PMDB, em apoio à reeleição do governador Silval Barbosa. Embora tentem conter os ânimos publicamente, Mendes e Valtenir estão em rota de colisão. Racharam o partido, que já é tido como nanico.
De um lado, Mendes insiste com o projeto majoritário, com apoio do PPS, PDT e PV, legendas que também vivem sob conflitos. De outro, Valtenir sinaliza para composição com a base governista para, assim, tentar salvar sua reeleição, já que com a coligação Mato Grosso Muito Mais sabe que dificilmente se elegerá um deputado federal diante de um quociente eleitoral de 194 mil votos. O desejo de Valtenir, embora ainda desconverse sobre o assunto, é do PSB fazer parte da coligação pró-Silval, que já reune PR, PT, PMDB. Assim, o PSB entraria no chapão, que deve eleger de 4 a 5 federais, conforme estimativa do grupo. Já para estadual, o PSB concorreria com chapa pura. Essas negociações estão sendo "costuradas" com o bloco do governador e com a chamada turma da botina, ala conduzida pelo ex-governador Blairo Maggi, pré-candidato ao Senado.
Assim como Pedro Taques, que está em pré-campanha ao Senado pelo PDT e aparece na condição de lanterna nas pesquisas, Mauro Mendes também se vê numa situação política delicada. Seu projeto está sendo "engolido" pelos concorrentes Silval e Wilson Santos (PSDB). Os dois jogam pesado na cooptação de partidos e lideranças. O PPS, por exemplo, está praticamente fechado com o tucanato, depois da orientação do presidente nacional Roberto Freire. O PDT abriu diálogo com o Paiaguás, mesmo sob protesto do seu presidente regional Otaviano Pivetta e do próprio Taques.
Além de priorizar sua recandidatura, o deputado Valtenir está dando troco em Mendes por considerar que este "agiu com arrogância" e procurou o PSB para filiação somente depois de ter feito várias articulações externas, principalmente com os presidentes do PPS e PDT, respectivamente, deputados Percival Muniz e Pivetta. Valtenir foi o último a saber da decisão do empresário de trocar o PR pelo PSB. Afoito, Mendes entrou no partido sem a preocupação de conquistar apoio da maioria do diretório estadual e não soube atrair os simpatizantes dos municipais. Isso o enfraquece internamente. Se depender da maioria dos filiados socialistas, que são orientados por Valtenir, a candidatura de Mendes não passa na convenção. Ele já percebeu que o processo de "fritura" começou.
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