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Segunda - 07 de Junho de 2010 às 11:02
Por: Romilson Dourado

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A advogada Célia Cury, esposa do desembargador aposentado José Tadeu Cury, que foi mandado para aposentadoria compulsória sob punição do Conselho Nacional de Justiça, exigiu vários pagamentos de Cecílio Francisco, da Faculdade Afirmativo, e parte do dinheiro fora paga comprar decisão judicial do desembargador Evandro Stábile. Foi o que declarou o filho de Cecílio, empresário André Luiz de Ambrósio Pinto, em depoimento à Polícia Federal em 4 de abril de 2008. O termo de declarações faz parte de um processo com mais de 5 mil páginas em tramitação sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça. O blog teve acesso a todos os documentos. O inquérito apura denúncias de venda de sentenças, envolvendo juízes e desembargadores mato-grossenses, e intermediação de advogados e outros lobistas. Já resultou em busca e apreensão na casa e escritório de magistrados e até em várias prisões. Entre as pessoas que ficaram detidas por quase uma semana está Célia Cury.

André Luiz contou à delegada Anna Flávia Alves de Melo Michelan que no final de 2002, seu pai Cecílio, que enfrentava briga judicial com o sócio do Afirmativo Wilson Ubialli, foi procurado por Célia Cury e esta garantiu que, se fosse contratada para assessoria jurídica, conseguiria fazer com que o empresário continuasse na sociedade da instituição. A advogada enfatizou, diz André Luiz, que possuía forte influência no Tribunal de Justiça, principalmente junto a Evandro Stábile, hoje presidente licenciado do Tribunal Regional Eleitoral. Cecílio, então, a contratou e Célia conseguiu uma liminar, deferida por Stábile. André Luiz afirmou à PF que constantemente Célia exigiu quantias em dinheiro, entre R$ 4 mil e R$ 10 mil.

"Sempre que solicitava essas quantias a advogada dizia que a outra parte tinha feito um pedido e que se o pai do declarante não desse o dinheiro, o pedido seria julgado desfavorável a eles", narra o filho de Cecílio. Segundo ele, Célia sempre usava a frase "O gato quer beber leite" e deixava claro que parte do dinheiro seria para Stábile.

 

"O gato quer beber leite"
Célia Cury, sobre dinheiro para Evandro Stábile,
segundo denúncia feita à PF por André Luiz

O empresário Conta que o primeiro pagamento de R$ 40 mil para Célia foi feito em dinheiro. Os demais, em sua maioria, foram equacionados com cheques de alunos. Revela que muitos cheques eram entregues ao motorista Jorge Figueiredo e que pegava recibo. Esses documentos acabaram apreendidos durante uma busca e apreensão na sede da faculdade. Em depoimento, André Luiz declarou acreditar que os cheques eram depositados na conta de Célia ou do sócio dela, advogado Alexandro Jacarandá. A negociata se deu entre fevereiro a junho de 2004. Revelou ainda ter ouvido boatos que foram confirmados por um oficial de Justiça de que "a 8ª Vara era da doutora Célia" e que "esse mesmo oficial de Justiça (não declinou nome) disse que o Judiciário em Mato Grosso era manipulado por três grupos, um de Célia, outro do desembargador aposentado Flávio Bertin e outro de Fernando Ojeda.
 


Trecho do depoimento de André Luiz à PF, quando cita que seu pai Cecílio Francisco, para tentar se manter na sociedade do Afirmativo, negociou decisão com Célia Cury e que parte do dinheiro fora para bolso de Stábile


André Luiz declarou também que quando o seu pai parou de fazer os pagamentos exigidos por Célia, a advogada renunciou à causa e, um mês depois, foi deferido pedido de busca e apreensão na faculdade e a administração da instituição foi passada para Wilson Ubialli. O depoimento denuncia outras pessoas. Sustenta que, na busca por nova assessoria jurídica, procurou Marcos Von Kierchenhan, que era advogado da faculdade. Marcos, por sua vez, manteve contato com Gabriel Gaeta, da equipe do desembargador aposentado Flávio Bertin. Marcos exigiu R$ 50 mil para ingressar com agravo, contestando a decisão que havia tirado Cecílio da administração do Afirmativo.

Nessa negociação, R$ 20 mil foram para a conta de Bertin. Depois, contratou João Batista e que foi procurado por Edson Camargo, que disse que o agravo estava na turma da desembargadora Maria Helena Póvoas e que ela queria R$ 20 mil para acompanhar o voto do relator, desembargador Donato Fortunato Ojeda, que se manifestou pelo deferimento do agravo. Revela que seu pai não concordou em fazer o pagamento e, no dia da sessão, Helena Póvoas pediu vistas do processo e elaborou voto, indeferindo o agravo, que foi acompanhado pelo desembargador Bittar. 

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Clique no link abaixo e leia trechos do depoimento do empresário, que denuncia esquema de advogados e magistrados





Fonte: RD News

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