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Internacional
Segunda - 07 de Junho de 2010 às 01:53

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Acredita-se que o principal fator pra formação de um tornado é o encontro de ventos com velocidades e temperaturas diferentes, que provocam uma reação violenta no interior da nuvem.

Depois de enfrentar ventanias terríveis e tempestades de gelo, nossos repórteres chegam a poucos metros de um tornado. Veja na reportagem de Rodrigo Alvarez e Luiz Cláudio Azevedo.

Sair à caça deles é como procurar uma agulha num país inteiro. Atravessamos seis estados americanos. Foram 6.115 quilômetros de estrada, oito dias de pouco descanso e muita trovoada.

Na chegada ao Colorado, a placa do aeroporto alerta, a ventania anuncia e o nome de guerra do nosso guia nos dá ainda mais confiança: Tim Tornado, há 15 anos na cola dos tornados.

Paixão? Tempestades. Filosofia: "Depois que você vê o primeiro tornado você fica viciado", afirma o guia. E uma promessa: "A gente vai direto pra tempestade mais perigosa para ver o tornado”, comemora Tim.

São 400 quilômetros de Denver, no Colorado, até Alliance, no estado de Nebraska. Nas planícies do meio-oeste americano acontecem mais de mil tornados por ano e meteorologia prevê uma grande chance para nossa estreia: 30% de probabilidade.

Quando nos aproximamos da primeira tempestade. Tim Tornado cumpre a promessa.

"Aquela nuvem ali está tentando formar um tornado, temos que tomar muito cuidado", alerta o guia que volta correndo para checar informações do radar.

E os caçadores de tornados são agora presa fácil pra tempestade enfurecida. Pouco depois, surge a primeira imagem do que se poderia chamar um tornado.

Rumo ao sul, mais 410 quilômetros até Goodland, no Kansas. E uma rara surpresa: dois tornados ao mesmo tempo. Os dois tornados vistos de longe são o sinal de que na região existe uma grande tempestade.

Mas quando chega a noite, os ventos se acalmam e a aventura fica pro dia seguinte.

Cerca de 350 quilômetros depois... Nas planícies no planalto do Colorado, um quase-tornado.

Nuvens gigantes e em forma de cogumelo são conhecidas pela ciência como super-célula. Viajam desgarradas do resto da tempestade e, o mais importante, girando... numa espiral que parece infinita.

Acredita-se que o principal fator pra formação de um tornado é o encontro de ventos com velocidades e temperaturas diferentes, que provocam uma reação violenta no interior da nuvem. Mas porque eles se formam em menos de 1% dessas nuvens gigantes? Porque só é possível prevê-los 13 minutos antes de sua formação?

"Há muitas tempestades que parecem estar a ponto de produzir um tornado, mas isso não acontece", explica Josh Wurman, diretor do projeto Vortex.

"Deve haver algo no ambiente que interrompe a formação do tornado. Será que o ar lá embaixo esta muito frio? Muito quente? Tem muito vapor? Pouca chuva? Ainda não sabemos”, ele conclui.

O projeto Vortex é a maior pesquisa científica sobre tornados da história. Ele viaja os Estados Unidos atrás de super-nuvens. Cento e vinte pesquisadores no campo de batalha.

As equipes dispõem de câmeras de alta-definição. São 12 radares para entender os movimentos atmosféricos. Mas o raro fenômeno se esconde até da ciência.

Foram mais três dias de estrada, belíssimas paisagens e até o momento nenhum tornado. Mas ganhamos nova companhia.

O roqueiro Jeremy Dawson é tecladista de uma banda de rock. Ele convidou os amigos e, temporariamente, trocou o teclado pelos tornados.

Já Andy Gabrielson, de 23 anos, caçador de tornados profissional. Ele leva dois assistentes para ir atrás das tempestades.

O tornado quase se forma, mas a super-nuvem avança pela planície. E quando a gente menos espera, com o carro na estrada, seguindo a super-nuvem, o mistério finalmente despenca diante de nós. Não há a menor dúvida: um tornado se forma à frente. Ele toca o solo no momento em que a equipe se aproxima.

É um momento impressionante, um momento raro da natureza. Uma grande ventania é provocada pela passagem do tornado.

Depois de 15 minutos de espetáculo, o tornado começa a desaparecer. Na sequência, começa uma chuva de granizo. Cai uma forte geada. São pedras grandes de gelo, fica até difícil continuar. O vento aumenta, derruba nossa câmera. E quase leva a porta do carro.

Às 19h, no estado americano do Colorado, o segundo tornado começa a pouquíssimos metros. É um dia incrível, porque a previsão do tempo falava que não haveria tornados a probabilidade era mínima: 2%, nem aparecia nos relatórios meteorológicos.

Quando o novo tornado termina, a gente reencontra os roqueiros.

"Senti muita adrenalina", revela Jeremy Dawson.

"Foi tão assustador!", confessa Lauren Fortner.

"Inacreditável, um dos melhores dias da minha vida", diz Floris Girman.

Sem dúvida: um show da natureza, um dia pra nunca mais esquecer.





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