A 14ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), realizada neste domingo em São Paulo, ganhou tom político em ano de eleição. 

Os organizadores estimam que mais de 3 milhões de pessoas participaram do evento, que começou por volta das 12h30 na avenida Paulista e terminou por volta das 20h na praça Roosevelt, após o desfile de uma sequência de trios elétricos.

A parada levou para o trajeto pessoas fantasiadas e bandeiras coloridas, além do pedido aos governantes pelo fim da intolerância e do preconceito sexual. "A gente está trazendo um tema forte neste ano para incentivar as pessoas a votar em candidatos que realmente estejam fazendo algo em prol da população LGBT", disse Alexandre Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo.

Parada

A Parada Gay de São Paulo é considerada a maior do mundo. A passeata teve início com a execução do Hino Nacional em uma versão eletrônica, estilo musical preferido dos gays.

As cores do arco-íris, que simbolizam o movimento, e o verde e amarelo em homenagem à Copa do Mundo, ocuparam toda a extensão da Paulista. "Eu sempre venho caracterizado e como é o ano da Copa vim de verde e amarelo", disse a drag Tatiane Venturine, 43, que usava uma lente de contato com a bandeira do Brasil.

Usando peruca loira, fantasia com paetês nas cores do Brasil e com a bandeira nacional, Claudia Luz brincou, "Drag queen também gosta de futebol".

Com roupas ou fantasias confeccionadas especialmente para o evento, travestis, gays, lésbicas, bissexuais e transformistas transformaram o evento deste ano em caráter político.

Engajados na luta contra a intolerância e pensando no respeito ao próximo, muitos pais levaram seus filhos para a Parada deste ano. Era possível ver crianças de todas as idades e até bebês.

O som dos trios elétricos animou o público que dançou famosos hits de Lady Gaga e Madonna. Neste ano, os políticos não marcaram presença no evento e poucos foram os famosos que apareceram, como o apresentador Leão Lobo e a ex-prefeita Marta Suplicy, que estavam ao lado da drag queen Salete Campari. Os ex-BBBs Dicesar e Serginho também participaram do evento.

Alguns carros mexeram com a imaginação do público, como o dos "Ursos e Idosos", que levou os gays mais gordinhos e peludos, conhecidos carinhosamente como ursinhos. Ao contrário dos outros trios que exibiam corpos sarados a atléticos, os destaques do carro desfilaram todos vestidos. Além disso, os integrantes mais novos usavam uma peruca prateada para homenagear os idosos.

Comércio

Apesar da proibição da prefeitura da circulação dos vendedores ambulantes durante a Parada Gay, eles invadiram a avenida Paulista e comercializam desde comidas e bebidas, até enfeites de temas ligados à Copa do Mundo.

De acordo com a Guarda Civil Metropolitana, até por volta das 19h, o balanço parcial indicava que mais de 20 mil litros de bebidas haviam sido apreendidos, entre cervejas, refrigerantes e vinhos.

Enquanto alguns vendedores ambulantes tentavam ser discretos, outros nem se importavam com a fiscalização e carregavam isopores na cabeça, que podiam ser vistos de longe. O preço médio da cerveja vendida era de R$ 4 e as garrafas de vinho eram comercializadas a R$ 6.

Foram espalhados 900 banheiros químicos durante todo o percurso. Apesar disso, eles não atenderam a demanda do público. Era possível sentir o odor à distância. Sem dinheiro ou apertadas, muitas pessoas acabam urinando nas ruas. Algumas, improvisam e fazem xixi agachadas atrás de sombrinhas que abrem no meio da multidão. Alguns comerciantes da região chegaram a cobrar entre R$ 2 e R$ 3 para o uso do banheiro em bares e restaurantes.

Segurança

Segundo a Polícia Militar, não houve registro de grandes tumultos ou confusões, diferentemente do ano passado, quando o cozinheiro Marcelo Campos Barros, 35, morreu após ser espancado em uma briga.

Balanço preliminar informado pelo coronel da Polícia Militar Renato Cerqueira, responsável pelo policiamento da região, apontam o registro de 11 ocorrências em todo o evento, a maioria após discussões. Duas pessoas foram detidas sob suspeita de furto. O balanço final deve ser divulgado pela corporação na segunda-feira.

Cerca de 1.400 homens das polícias Militar e Civil fizeram a segurança do evento. A Guarda Civil Metropolitana disponibilizou outros 700 agentes.

Ao todo, 320 pessoas foram socorridas nos postos móveis de atendimento após consumirem bebida alcoólica em excesso, sendo que 15 foram encaminhadas para hospitais.