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Domingo - 06 de Junho de 2010 às 12:58
Por: Flávia Borges

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O magistrado Tadeu Cury, aposentado compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como espécie de punição, se encontra numa situação constrangedora e até mesmo numa saia-justa. É que sua esposa, Célia Cury, presa recentemente pela Polícia Federal por período de 5 dias, é apontada nas investigações feitas pelo Superior Tribunal de Justiça como uma das cabeças de uma quadrilha que atuava no Judiciário estadual na venda de decisões judiciais.

De um lado está Cury, que teve a imagem manchada por suposto desvio de dinheiro para atender a Loja Maçônica Grande Oriente junto com outros dois desembargadores e sete juízes. De outro está Célia, que responde por vários  crimes como corrupção ativa e passiva, além de exploração de prestígio e advocacia administrativa. É citada num inquérito com mais de sete mil páginas, que corre sob segredo de Justiça no STJ.

A PF apontou 14 casos de intermediação de venda de sentenças, que envolvem advogados investigados por exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. A partir daí o Ministério Público Federal pediu a prisão de advogados ao STJ. A PF cumpriu os mandados de prisão na operação Asafe, numa referência ao salmo 82 da Bíblia, que trata de julgamentos injustos. O inquérito 669, que resultou na prisão de advogados e contou com uso de grampos telefônicos autorizados, foi originalmente instaurado na 2ª Vara Federal de Cuiabá para apurar denúncias “de que advogados e terceiros estariam manipulando decisões no âmbito da Justiça Eleitoral de Mato Grosso”.

Mas, no decorrer das investigações, surgiram indícios de envolvimento do presidente do TRE-MT, desembargador Evandro Stábile, em atividades ilícitas. Por causa da prerrogativa de foro, a competência foi deslocada para o STJ. As investigações apontaram “o possível envolvimento de juízes e desembargadores do TJ-MT e membros atuais e antigos do TRE-MT” em venda de sentenças. Segundo o MPF, são eles: o juiz Círio Miotto e os desembargadores Evandro Stábile, José Luiz Carvalho e Donato Fortunato Ojeda. A Polícia Federal iniciou as investigações, que culminaram na Operação Asafe, em 2007, quando agentes federais investigavam denúncias em Goiás.

Gravações monitoradas pela Polícia Federal, sob determinação do Superior Tribunal de Justiça, comprovam o tráfico de influência e conversas com indícios de negociação de decisões judiciais. No processo de mais de 5 mil páginas contra magistrados e que tramita sob sigilo no STJ, Célia Cury aparece em diversos diálogos. Um deles é com o próprio Stábile.

As investigações revelam que Célia, que é também advogada, usava até servidores do gabinete de Tadeu Cury para fazer as negociações. Ela detinha poder, segundo as investigações, sobre outros magistrados.São denúncias como essas que mancham a imagem de um Judiciário que, ao invés de dar a martelada certa por Justiça, merece recebê-la na cabeça.





Fonte: RD News

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